A baixa umidade do ar aliada à onda de calor e fumaça de queimadas e poluição que atingiu diversas cidades brasileiras nos últimos dias pode afetar não só a saúde dos pulmões, mas também a saúde da pele. É comum que, em condições climáticas extremas, fique mais seco e sensível.
“Com o ar mais rico em partículas sólidas de poeira, a umidade relativa do ar diminui e menos moléculas de água ficam disponíveis no ambiente. Essa menor concentração de água no ar aumenta a perda de água transepidérmica por osmose, ou seja, a saída das moléculas de água de um ambiente mais concentrado — a nossa pele — para um ambiente menos concentrado — o ar”, explica Cynthia Nara, mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de São Paulo (USP), fundador e CEO da Pele Rara, startup que oferece produtos para peles sensíveis, CNN.
Quando o tempo está seco, a diferença de umidade entre a pele e o ar aumenta, o que faz com que as moléculas de água saiam da pele mais rapidamente, deixando-a seca. Isto aumenta o risco de inflamação e reduz a barreira protetora da derme.
“Esse é um agravante quando levamos em conta o ar rico em partículas, como ocorre quando ocorrem incêndios”, alerta Nara. “Essas partículas funcionam como um corpo estranho ao entrar em contato com a pele, podendo ativar nosso sistema imunológico. Quando as células de defesa são ativadas, liberam radicais livres e citocinas pró-inflamatórias, contribuindo para a fragilidade e envelhecimento da pele e para sintomas de inflamação, como vermelhidão, coceira, queimação e calor”, explica.
Sintomas cutâneos relacionados ao tempo seco
Os sintomas de pele seca e inflamação causada pelo tempo seco incluem:
- Sensação de perda de elasticidade da pele, com sensação de “aperto” da pele;
- Comichão e descamação da pele;
- Vermelhidão;
- Rachaduras;
- Sangramento;
- Dor;
- Calor local;
- Comichão e placas escamosas no couro cabeludo.
Em pessoas que já apresentam doenças autoimunes da pele, como psoríase e eczema, pode haver maior possibilidade de aparecimento de placas, segundo Nara. No caso da dermatite pode ocorrer uma crise alérgica exacerbada. “Vale destacar que a combinação de poluição e tempo seco é extremamente prejudicial para essa população”, destaca.
Os lábios também podem sofrer impactos no tempo seco. “De forma simplificada, podemos dizer que a diferença entre pele e mucosa é a presença do estrato córneo, que funciona como parede protetora das camadas inferiores da pele. A pele possui estrato córneo, enquanto a mucosa não possui essa camada protetora”, explica o especialista.
Cuidados para prevenir e tratar os impactos do tempo seco na pele
Para evitar o ressecamento da pele, a principal orientação é manter a hidratação aumentando a ingestão de água e alimentos com bastante água. É o caso de frutas como melão, melancia, morango, laranja e abacaxi. Chás e sucos de frutas também podem ajudar, evitando o consumo excessivo de açúcar.
Quanto ao tratamento, vale optar por formulações com ácidos graxos de cadeia média, ceramidas, óleos vegetais e fosfolipídios. “Esses componentes são importantes para manter a função de barreira da pele. Se esses hidratantes também tiverem ativos antiinflamatórios e antioxidantes, o efeito protetor é ainda melhor”, afirma Nara.
Para proteger a pele da poluição e dos agentes externos, a especialista sugere a utilização de sabonetes com princípios ativos específicos que não comprometam a camada lipídica da pele, essencial para a sua proteção. Ou seja, não deixam a pele ainda mais seca.
“Após uma limpeza eficiente e suave, com a pele já limpa e seca, é recomendado o uso de cremes e loções com alta capacidade hidratante, antiinflamatória e antioxidante”, orienta Nara. “Produtos que contenham óleos naturais, como rosa mosqueta, girassol, manteiga de cacau, manteiga em geral, óleo de amêndoas e óleo de uva, também são ótimas opções para ajudar a proteger a pele e os lábios”, completa.
Por fim, finalize sua rotina de cuidados com o uso de protetor solar.
Bebês e idosos precisam de cuidados especiais
Por terem a pele mais frágil, bebês e idosos precisam de atenção redobrada na hora de cuidar da pele no tempo seco. “Para peles sensíveis, devem ser preferidos produtos sem corantes e essências”, afirma a especialista.
Nara explica que os bebês têm o estrato córneo da pele muito imaturo, enquanto os idosos o apresentam em um estágio já deficiente. “Isso torna a função de barreira da pele mais comprometida”, explica ela.
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