A infraestrutura rodoviária e ferroviária brasileira requer 179 medidas de adaptação para reduzir sua vulnerabilidade ao impacto das mudanças climáticas, segundo estudo recente do Ministério dos Transportes.
Caso contrário, haverá riscos crescentes para as operações logísticas e aumento dos custos de manutenção, bem como a necessidade de reconstruir activos potencialmente danificados.
Foi o que se viu, por exemplo, na tragédia que assolou o Rio Grande do Sul. As enchentes afetaram o funcionamento de grande parte da infraestrutura do estado, com desabamento de pontes, fechamento de estradas e fechamento do aeroporto de Porto Alegre.
No total, o estudo listou a necessidade de 121 medidas estruturais e 58 medidas não estruturais para todas as rodovias e ferrovias brasileiras. Os cenários foram desenvolvidos até 2065.
A rede rodoviária nacional totaliza 79.634 quilómetros de estradas pavimentadas (87% pavimentadas). Quase um terço deste valor está sujeito ao risco “médio” de incêndios florestais e incêndios.
O estudo identifica maiores riscos de enchentes ou alagamentos em trechos do Pará e do Maranhão, além de trechos de rodovias do litoral nordestino. A BR-116 (que atravessa o Rio Grande do Sul e chega ao Nordeste) e a BR-381 (São Paulo/Minas Gerais) também são citadas.
No caso dos deslizamentos, pontos da Serra Geral (região Sul) e da Serra do Mar (Sudeste) são citados como de maior risco climático.
“Nas infraestruturas de transporte terrestre, o objetivo das medidas de adaptação é reduzir a vulnerabilidade e a exposição dos ativos, de forma a manter o sistema de transportes operacional”, afirma o estudo.
“Já existem evidências robustas de que os padrões climáticos estão mudando, o que pode causar prejuízos e prejuízos às infraestruturas e, consequentemente, reduzir a eficiência das operações de transporte. Esses impactos geram custos adicionais para manutenção, recuperação ou reconstrução de ativos potencialmente danificados, de modo que determinados efeitos são percebidos imediatamente, enquanto outros se manifestam no médio ou longo prazo.”
Na rede ferroviária nacional, que abrange pouco mais de 30 mil quilómetros, foram detectadas ameaças climáticas em até 60% da sua extensão no médio prazo.
Os trechos mais vulneráveis estão na Ferrovia Porto Alegre-Uruguaiana, na Ferrovia Vitória-Minas, na Ferrovia Minas-Rio e na Ferrovia Carajás.
O estudo resultou de um projeto do Ministério dos Transportes no âmbito do memorando de entendimento assinado com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GmbH) no Brasil. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo foi realizado por meio de uma parceria entre o Gitec Brasil e o Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, no âmbito do ProAdapta.
Veja algumas das ações sugeridas no estudo:
- Utilização de novas misturas asfálticas — pavimento permeável — que auxiliam na drenagem mais rápida de águas paradas
- Instalação de proteção contra erosão suave (grama, grama, arbustos e árvores)
- Instalação de proteção dura contra a erosão (cascalho e pedra, blocos de concreto, gabiões e estacas de aço ou madeira)
- Estabilização de taludes, incluindo instalação de muros de gabiões, pregos de solo e estacas pranchas
- Uso de musgo e líquenes para controlar a erosão.
- Implementação de sistemas de alerta precoce – Plantação de florestas de “proteção” Remoção controlada de vegetação para prevenir incêndios florestais
- Alteração no procedimento de instalação do trilho para aumentar o limite de temperatura para expansão térmica
- Instalação de proteção rígida, que fornece uma barreira contra a entrada de água
Compartilhar: