O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Nesta quarta-feira (11), ele defendeu mais uma vez as obras da rodovia BR-319 ─ única ligação terrestre entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO). A estrada é motivo de polêmica pelos riscos ambientais relacionados às obras e à própria operação, mas o governo vem buscando formas de mitigar os efeitos.
“A BR-319 é uma necessidade para o estado do Amazonas, é uma necessidade para Roraima e uma necessidade para o Brasil”, afirmou Lula. A afirmação foi feita anteriormente durante entrevista à Rádio Norte FM.
Durante a conversa, o presidente lembrou que a estrada começou a ser construída em 1968, mas deteriorou-se ao longo dos anos, com um troço de cerca de 400 quilómetros comprometido e a necessitar de obras.
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A ideia de Lula é convocar o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), parlamentares estaduais, membros do Ministério dos Transportes e do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas e estudiosos do assunto para avançar com um projeto viável e com instrumentos que inibam grilagem de terras, desmatamento e incêndios.
“Ontem assinamos contrato com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para iniciar a construção de 52 novos quilômetros que foram autorizados. Começaremos a fazer 20 km e, em 20 dias, os outros 32 km serão liberados. Enquanto isso, estabeleceremos uma discussão com o Estado e a União, com os ministros envolvidos, convocaremos qualquer especialista em qualquer lugar do mundo para discutir conosco como podemos construir essa estrada sem causar danos à floresta que está muito preservada naquela área. região”, disse ele.
“Tenho certeza de que agora podemos encontrar uma solução para tornar definitivamente a BR-319 a estrada mais bem construída e manter a floresta mais bem preservada do mundo”, continuou.
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As obras na BR-319 estão suspensas desde o final de julho, após decisão da Justiça Federal do Amazonas devido a preocupações com o desmatamento na região.
Ontem (11), durante visita ao estado ao lado de ministros e autoridades locais, Lula disse que o governo federal vai priorizar a entrega “definitiva” da obra. Em discurso, o presidente disse ainda que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede Sustentabilidade), não é contra a construção da rodovia e defendeu a construção de um entendimento para superar o impasse.
Caminhos em discussão
Um dos defensores das obras na BR-319 é o ministro dos Transportes, Renan Calheiros Filho (MDB), que costuma chamar a atenção para a condição de isolamento rodoviário em Manaus e suas consequências não só para o Amazonas, mas para o Brasil.
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“É a única capital brasileira que não tem acesso por rodovia asfaltada e talvez seja uma das poucas cidades do mundo com mais de 2 milhões de habitantes nesta condição”, disse ele em entrevista ao InfoMoney em junho. Clique aqui para ler a entrevista completa.
“Você pode construir a estrada com sustentabilidade ambiental. Porém, esta é uma discussão que ainda precisará ser submetida à avaliação dos órgãos ambientais competentes, à luz da legislação vigente, para viabilizar a licença”, afirmou na época;
“É uma área que, no período das chuvas, é muito difícil de cuidar. Este ano até sofreu menos porque proporcionamos um melhor nível de manutenção, mas o importante é pavimentar a rodovia e garantir sua sustentabilidade ambiental, oferecendo redundância às pessoas nos modais de transporte. Manaus é uma cidade que só pode ser alcançada por via fluvial ou aérea. Quando sofremos alguma crise hídrica na Amazônia − e essas crises estão cada vez mais presentes −, as pessoas ficam à mercê de receber o próprio abastecimento do Estado e da capital de avião − o que não é possível”, disse.
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Para vencer a resistência dos ambientalistas, o governo federal propõe algumas inovações. “Essa rodovia será 100% cercada. Não há rodovia no Brasil que tenha cerca nas laterais. Terá o maior número de passagens de fauna aérea e de fauna terrestre através de túneis. Isso permitirá que os animais que estão nas copas das árvores passem pela rodovia usando redes, e os animais que andam no solo usem passagens subterrâneas sem acessar a rodovia. Se estiver cercado, não haverá morte por atropelamento”, explicou.
A ideia também é monitorar todo o trecho com câmeras, além de fiscalizar os veículos que entram na estrada, com controle de tempo de entrada até saída, e restrições de tamanho de determinados equipamentos agrícolas.
“Agora, no final das contas, essa é uma decisão do país, do governo. Se o governo decidir construir a rodovia e garantir a sustentabilidade, isso pode ser feito. Se o governo decidir não fazê-lo por razões ambientais, tudo bem. Mas você precisa contar às pessoas. Você não pode simplesmente empurrar. Essa discussão vem acontecendo desde 2010 até agora. Será feito ou não? Se não for feito, tire da agenda. Diga que não tem condição ambiental”, disse.
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“A visão que tenho é que todos na região querem isso. A classe política também quer isso. E todos querem isso com a devida proteção. Ninguém quer fazer um instrumento que permita a devastação ambiental. Nunca houve essa defesa aqui. E você terá que se cuidar. Os ambientalistas estão preocupados com a falta de cuidado no passado. Mas, por isso, deveriam colaborar, poderiam oferecer uma alternativa, participar da administração dessa rodovia”, disse na época.
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