Promotores dos Estados Unidos anunciaram, nesta segunda-feira (9), um indiciamento criminal contra dois supostos líderes de uma gangue de supremacia branca. Segundo as autoridades, o arguido utilizou a rede social Telegram para defender ataques contra negros, judeus, pessoas LGBTQ e imigrantes, com o objetivo de iniciar uma guerra racial.
O grupo, denominado “Terrorgram Collective”, usou o aplicativo para celebrar os ataques da supremacia branca em todo o mundo e para encorajar a violência com motivação racial, disseram os promotores no tribunal federal de Sacramento, Califórnia.
Dallas Humber, 34 anos, de Elk Grove, Califórnia, e Matthew Allison, 37, de Boise, Idaho, enfrentam cada um 15 acusações criminais, incluindo crimes de ódio e atuação para fornecer apoio material ao terrorismo.
Os dois estão presos, segundo as autoridades. Ainda não está claro se eles têm advogados.
As acusações mais graves acarretam pena de até 20 anos de prisão.
Entre os alvos do grupo estavam funcionários do governo dos EUA e áreas críticas de infraestrutura, com o objetivo principal de causar o colapso da sociedade americana, disseram funcionários do Departamento de Justiça dos EUA durante uma conferência de imprensa.
“A acusação reflecte a resposta do departamento à nova face tecnológica da supremacia branca, à medida que aqueles que procuram a violência em massa estão a expandir o seu alcance online para encorajar, solicitar e facilitar actividades terroristas”, disse Kristen Clarke, chefe da divisão de direitos civis do Departamento. da Justiça.
Humber e Allison ajudaram a criar um documento que justifica a ideologia do grupo e inclui instruções detalhadas sobre como realizar ataques terroristas, incluindo tutoriais sobre como construir bombas, de acordo com a acusação.
A dupla também trabalhou em conjunto para criar uma lista de alvos de “alto valor” para assassinato, que inclui um senador dos EUA e um juiz federal. Eles eram vistos como inimigos da causa da supremacia branca, disseram os promotores.
Humber e Allison tornaram-se líderes do grupo em 2022, ajudando a supervisionar uma rede de canais do Telegram e grupos de discussão que ofereciam apoio a usuários que cometiam atos de violência da supremacia branca.
O aplicativo de mensagens está passando por testes mais rigorosos depois que seu fundador, o russo Pavel Durov, foi preso na França no mês passado como parte de uma investigação sobre pornografia infantil, tráfico de drogas e transações fraudulentas dentro da rede.
Durov, entretanto libertado, condenou a decisão de o prender, algo que reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão e a culpa dos executivos das redes sociais pelo conteúdo das suas plataformas.
Ele prometeu combater as críticas às políticas de moderação da plataforma. Um porta-voz do Telegram não foi encontrado imediatamente para comentar a acusação.
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