Dois grandes fabricantes de produtos químicos decidiram fechar suas unidades no Brasil devido ao aumento das importações baratas vindas principalmente da Ásia.
A Fortal Química, do grupo Formitex, decidiu suspender suas atividades em Candeias (BA) por tempo indeterminado devido à concorrência com produtos chineses.
A Rhodia, controlada pela belga Solvay, anunciou o fechamento de uma unidade produtiva em Paulínia (SP) que funcionava desde 1980.
Ambas as decisões pressionaram o governo a aumentar as tarifas de importação do sector como forma de conter a entrada de produtos químicos vindos do exterior.
No dia 18, o Gecex — comitê executivo da Câmara de Comércio Exterior e formado por dez ministérios — analisará pedido da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) para aumento temporário de tarifas sobre 63 produtos.
Entre 2000 e 2023, a participação das importações no mercado brasileiro saltou de 21% para 47%. No primeiro semestre de 2024, o déficit comercial do setor atingiu quase US$ 22 bilhões e o nível de ociosidade da indústria nacional é o pior da história.
Ródia e Fortal
O presidente da Abiquim, André Passos Cordeiro, atribui o atraso na decisão ao fechamento das unidades produtivas Fortal e Rhodia.
No dia 9 de agosto, a Rhodia enviou uma carta explicando a situação da empresa ao vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin.
Na carta, obtida pela CNN, a presidente do Grupo Solvay Latin America, Daniela Rattis Manique, alerta que a produção de bisfenol A será encerrada no Brasil.
A justificação apresentada pelo executivo é a “indisponibilidade de energia e gás a preços competitivos” e o “crescente surto de importações desleais”.
O Bisfenol A tem duas aplicações. É utilizado na fabricação de policarbonato, tipo de plástico transparente e resistente que serve de insumo para lentes de óculos, garrafas de água reutilizáveis, faróis e displays de veículos.
Também é utilizado para revestimentos epóxi, que são uma importante matéria-prima para pás eólicas, tintas industriais e construção.
As importações de bisfenol, principalmente da China, cresceram de 1.600 para 3.200 toneladas entre 2022 e 2023. Além disso, os preços caíram 32%.
A fábrica da Rhodia é a única linha de produção em toda a América do Sul.
No caso da Fortal Química, a empresa optou por suspender suas atividades por “período indeterminado”, citando também a incapacidade de competir com produtos importados.
Produz HPMC (hidroxipropilmetilcelulose), que tem sido vendido pelos chineses no mercado brasileiro por cerca de US$ 2/kg. O custo do produto, segundo a Abiquim, gira em torno de US$ 2/kg. Taiwan e Coreia do Sul são outros grandes fornecedores do produto.
Subsídios e gás barato
André Passos Cordeiro afirma que Rhodia e Fortal “são apenas os primeiros” e podem levar a uma onda de fechamentos de unidades produtivas em todo o setor.
“Estamos perdendo músculos e presenciando o desmonte da indústria química no Brasil”, afirma o presidente da Abiquim.
Segundo ele, a fábrica de nitrato de amônio da Yara Fertilizantes, em Cubatão (SP), também corre risco de ser fechada.
“O problema todo é a demora na decisão [sobre o aumento das tarifas de importação]. O atraso vai gerar prejuízos irreversíveis para as empresas”, argumenta.
Um ponto de atenção são os incentivos governamentais. “Na China, existem 1.180 programas diferentes de subsídios para a indústria química. Aqui só temos Reiq”, acrescenta Passos Cordeiro, referindo-se ao regime de isenção de PIS/Cofins no setor.
Outro problema é o preço do gás, que custa cerca de 7 dólares por milhão de BTU (unidade térmica britânica) na União Europeia e menos de 2,5 dólares nos Estados Unidos. No Brasil, chega na porta da fábrica por US$ 12 a US$ 14.
Desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, as sanções aplicadas por grande parte da comunidade internacional levaram a Rússia a vender o seu gás natural com enormes descontos a países como a China e a Índia.
Com isso, os países asiáticos ganharam enorme competitividade na fabricação de produtos químicos, que têm o gás como uma das suas principais matérias-primas.
Desde então, os Estados Unidos e a UE revisaram as suas políticas comerciais e houve aumentos temporários nas tarifas de importação para proteger as suas indústrias locais.
Passos Cordeiro avalia que, no caso do Brasil, a abertura de investigações antidumping — quando um produto é vendido por outro país abaixo do seu preço de custo — não é a melhor solução.
“Os processos antidumping levam pelo menos um ano. Custam de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão para as empresas que os demandam. Eles não têm mais alívio, estão numa situação delicada, por isso o aumento temporário das tarifas de importação é a resposta mais adequada num primeiro momento”, finaliza.
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