Organizado para ajudar a unificar a direita e demonstrar a força do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ato do 7 de Setembro teve efeito contrário: expôs uma cisão no bolsonarismo, dividindo os amigos de Pablo Marçal, candidato do PRTB à Câmara Municipal de São Paulo Hall, e Ricardo Nunes, prefeito pelo MDB que tem deputado do PL na chapa.
Embora tenha sido impedido de integrar o trio oficial do evento — e reclamado disso — Pablo Marçal chegou à Av. Paulista de helicóptero, tirou fotos e fez vídeos com apoiadores, gerando 36 cortes nas redes sociais. Um deles teve mais de 6 milhões de visualizações.
Marçal conta com a simpatia do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) e do senador Cleitinho (PL-MG), que chegaram a gravar vídeos fazendo o “M” de Marçal. O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), também fez um aceno ao candidato do PRTB, dizendo que “a direita bem organizada” pode vencer em São Paulo.
Ricardo Nunes tem a seu favor o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a simpatia do deputado federal Eduardo Bolsonaro —mas não foi
mencionado durante discurso de Jair Bolsonaro no trio elétrico.
A campanha de Nunes até o momento não conseguiu gravar vídeos dele com Bolsonaro e reciclou uma única imagem, que mostra o ex-presidente defendendo-o na convenção do partido que o oficializou como candidato. O vídeo foi gravado antes de Marçal disparar nas pesquisas e dividir o primeiro lugar com Nunes e Guilherme Boulos (PSOL).
O CNNNunes disse que Bolsonaro não fez as gravações deste sábado (7) porque estava focado na manifestação e que o relacionamento deles está indo bem. “Está tudo bem, saímos do palácio juntos [dos Bandeirantes] para Paulista. Gravaremos outros quando ele vier para São Paulo”, afirmou.
Os organizadores de campanha da direita que atuam tanto na campanha de Ricardo Nunes quanto na campanha de Pablo Marçal acreditam que Guilherme Boulos (PSOL) tem passaporte garantido para o segundo turno.
É justamente por isso que nesta disputa entre Nunes e Marçal a campanha de Boulos “torce pela luta”.
A leitura inicial era que seria mais fácil vencer Marçal do que Nunes no segundo turno, mas a estratégia mudou nos últimos dias com ataques mais coesos direcionados a Pablo Marçal.
O temor é que o candidato do PRTB chegue fortalecido ao segundo turno caso derrote Nunes e reúna a parcela de direita do eleitorado paulista.
Na campanha de Ricardo Nunes, interlocutores identificaram que o deputado Nikolas Ferreira é o principal representante de uma ala pró-Marçal bolsonarista. A ideia do grupo de Nunes é que uma certa “pressão política” faria recuar os “bolsonaristas extraviados”.
Na noite de sábado (7), os organizadores do prefeito ainda propagaram a ideia de que Bolsonaro teria se irritado com Marçal e chegou a chamá-lo de “picareta” antes de seu discurso, reclamando de um trio paralelo ao dirigente.
Mas querido por CNNBolsonaro negou que tenha usado o termo para se referir a Marçal. Aliados do ex-presidente confirmaram que o discurso foi genérico e não dirigido a ninguém específico.
O pastor Silas Malafaia, organizador do evento, divulgou vídeos que mostram pessoas chamando Marçal de “covarde”. Em entrevista à Veja, ele criticou a demora do candidato do PRTB, que voltava de El Salvador. “Por que você só chegou agora para tirar selfies e cortes para campanha política? Você vai enganar os trouxas, não eu”, disse ele.
Os números fornecem um pano de fundo para a divisão. A última pesquisa da AtlasIntel mostrou que Marçal herda 42% dos votos de quem escolheu Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Nunes tem uma parcela menor, 37%.
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