Os consumidores brasileiros já conhecem o selo”comida orgânica”Em embalagens de produtos e cardápios de restaurantes. Esse selo, de acordo com a legislação brasileira, garante que o produto provém de sistema de produção agrícola orgânico ou de processo extrativista sustentável, sem agredir o ecossistema local.
Agora, a indicação geográfica procura obter reconhecimento semelhante. Mas como isso pode ser feito?
O primeiro passo é esclarecer o que são agroalimentos com indicação geográfica. Esses produtos recebem um selo específico, concedido por lei, com dois objetivos principais: proteger a propriedade intelectual dos produtores daquela região e preservar características e receitas tradicionais, muitas vezes transmitidas por antecessores e imigrantes.
Como explica Francisco Mitidieri, auditor fiscal federal do Ministério da Agricultura, em entrevista ao CNN: “O selo de indicação geográfica tem a função de proteger a propriedade intelectual de quem produz naquele território e preservar o saber fazer, mantendo as tradições e receitas que chegaram através dos fluxos migratórios e antecessores.”
Compreender a importância da indicação geográfica pode ajudar os consumidores a valorizar ainda mais a autenticidade e a qualidade dos produtos locais, contribuindo para o fortalecimento das tradições e do património cultural.
O segundo objetivo do selo de indicação geográfica é promover os produtos, garantindo a valorização dos produtores e a agregação de valor aos seus produtos. Além disso, o selo garante ao consumidor a confiança na autenticidade do que está consumindo, conforme indicado na embalagem.
No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) é responsável pela concessão desses selos. Existem duas classificações principais: indicação de origem e o denominação de origem.
- Indicação de Origem (IP): certifica que o produto é originário de um país, cidade ou região específica conhecida como centro de produção de um determinado item.
- Denominação de Origem (DO): reconhece, além do país ou região, que o produto possui características distintas devido aos fatores geográficos onde é produzido.
Estas classificações ajudam a destacar e valorizar os produtos locais, promovendo a autenticidade e a qualidade que os consumidores procuram.
“A indicação de procedência é reconhecida quando você tem notoriedade, quando o produto ganhou fama por ser típico ou tradicional produzido apenas naquela região e por aquele povo”, diz Mitidieri.
A denominação de origem é mais complexa. Além da fama, o produto precisa comprovar nexo causal entre suas características e a região em que é fabricado.
“Com o selo de denominação de origem, se você reproduzir aquele produto em outro local que não tenha essas características únicas, situações climáticas e ambientais, você não pode ter o mesmo produto, então essa é a diferença”. Alguns exemplos de características que são tidas em conta na análise da denominação de origem: características do solo, temperatura mínima e máxima do dia, número de dias nublados ou ensolarados por ano, duração do dia, características do solo, etc.
No Brasil, a legislação que trata do assunto data de 1996, e o país ainda está engatinhando. Segundo dados do Ministério da Agricultura, existem apenas 118 selos de indicação geográfica no país, 85% dos quais são agroalimentares, contra mais de 900 em França e 2.400 na China, por exemplo. Mas as encomendas de novos selos estão a todo vapor.
Consulte a lista atualizada de produtos com denominação de origem
Veja a lista atualizada de produtos com indicação de origem
“As indicações geográficas são um instrumento de promoção do desenvolvimento econômico, cultural e social”, argumenta Mabel Guimarães, da Origens Paraná. Ela falou no Connection Terroirs, evento sobre indicações geográficas que aconteceu em Gramado no final de agosto. Segundo Mabel, além de divulgar o produto, a região que recebe o selo GI consegue se desenvolver, criando museus, oficinas de demonstração e promovendo o turismo experiencial.
Mabel cita como caso de sucesso os bombons de banana de Antonina, no Paraná, que inspiraram até sabonete líquido e outros produtos com a essência da guloseima que marcou a infância de muitos paranaenses.
Sustentabilidade para pequenos produtores
Além de vender produtos, especialistas indicam que os agroalimentares com indicação geográfica também podem ajudar na sustentabilidade económica dos pequenos agricultores.
“Falar de terroir, de algo que eu produzo em um determinado território com uma certa qualidade e com uma certa característica, é legal, é estimulante, mas se não dermos uma forma para esse terroir sobreviver, podemos estar desperdiçando preciosos tempo para esses pequenos produtores”, disse ele. Milton Zuanazzi, diretor de projetos do Ministério da Reconstrução do Rio Grande do Sul, na Connection Terroirs.
“Não vejo que tenhamos outra forma de viabilizar esta economia que não seja através do turismo”, destaca.
Ele defende que os pequenos produtores deveriam tentar trazer turistas para suas propriedades, oferecendo experiências locais e até pequenas pousadas. “Que economia é mais criativa do que levar turistas para onde algo está sendo produzido? é isso economia criativa pura”argumenta Milton.
Segundo ele, essa nova forma de pensar os produtos IG também pode ajudar a manter os jovens no campo, proporcionando oportunidades de emprego que antes procuravam nas cidades.
“Acredito que com a valorização da IG você consegue organizar um pouco melhor as propriedades da região. Para estar dentro de uma indicação geográfica é preciso atender a alguns critérios. Com esses protocolos, essas exigências que vêm do IG, a gente consegue organizar os imóveis, a gente tem mais acessibilidade, a gente consegue desenvolver também a família, que tem essa rentabilidade que vem do IG. No final, buscamos também valorização financeira”, afirma o produtor de café Jonas Aparecido da Silva, d.diretor da Associação dos Produtores de Café do Norte Pioneiro do Paraná.
E os turistas também se beneficiam das IGs. Para Giovana Ulian, que falou sobre turismo regenerativo no Connection Terroirs, os turistas não querem pagar por coisas replicadas, querem viajar em busca de experiências únicas e originais. E é isso que as regiões com IG, únicas por definição, podem oferecer.
Como os produtores podem conquistar o Selo de Indicação Geográfica
Para que um produtor obtenha o selo de Indicação Geográfica (IG)é fundamental entender que não se trata de um imóvel individual, mas sim de uma certificação para toda uma região.
“A indicação geográfica é um bem coletivo. O território é quem tem a possibilidade de utilizar este selo. Normalmente o coletivo tem uma associação, uma cooperativa ou um sindicato que representa esse coletivo”, lembra Mitidieri.
Portanto, os produtores que estão em regiões com produtos conhecidos por suas características únicas devem se organizar coletivamente e buscar apoio de instituições especializadas.
Eduardo Spers, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), destaca como exemplo o famoso pamonha de Piracicaba. Embora o produto tenha reconhecimento, ainda não possui o selo GI. Segundo ele, o contar históriasou a narrativa em torno do produto, é um diferencial importante para produtos com IG.
Spers lidera um projeto que analisa as IGs brasileiras, avaliando tanto casos de sucesso quanto aqueles em estágios iniciais de desenvolvimento. O objetivo é identificar fatores de influência e apoiar iniciativas futuras.
No estado de São Paulo existem diversos escritórios e instituições prontos para ajudar na identificação e formalização de novas IGs. “Imagine o potencial escondido em cada cidade do estado de São Paulo. O que cada um pode revelar em termos de informação e narrativa que pode ser organizada e formalizada para gerar valor competitivo para os pequenos produtores?”, questiona Spers.
(O jornalista viajou para Gramado a convite da Connection Terroirs)
simulador parcelamento picpay
blue blue
agencia 0001 picpay endereço
app bk
bom pra crédito simulação
brx promotora
agencia de emprestimos
agência 0001 picpay endereço
empréstimo consignado do auxilio brasil
blux
emprestimo brasilia
empréstimo para negativado porto alegre
whatsapp blue