O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou, nesta terça-feira (3), três processos administrativos abertos contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na Comissão de Ética Pública da Presidência da República República.
Os casos tratam de pedidos de investigação de possíveis infrações éticas por parte da offshore Campos Neto.
Toffoli atendeu a pedido da defesa do presidente do BC. Para o ministro, o fato já foi analisado na esfera criminal e foi arquivado, citando conclusão da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Nesse sentido, verifica-se, claramente, que a PGR, ao analisar os mesmos factos, concluiu não haver motivos para instauração de procedimento de inquérito, uma vez que concluiu não haver infracção penal ou qualquer indício adequado da sua existência, por isso decidiu arquivar a notícia de fato”, disse Toffoli.
A existência de uma empresa offshore em nome de Campos Neto foi revelada em 2021 com base em documentos conhecidos como “Pandora Papers”, analisados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas.
Segundo a investigação, Campos Neto e o ex-ministro da Economia Paulo Guedes tinham participações milionárias em empresas offshore localizadas em paraísos fiscais.
Ordem
Segundo Campos Neto, a Comissão de Ética Pública desconsiderou a conclusão da Procuradoria-Geral da República (PGR), que protocolou pedido de investigação do ocorrido.
O presidente do BC argumentou que a conclusão adotada pela PGR para encerrar o processo penal deveria “necessariamente” ser observada pela esfera administrativa.
“Vale destacar que o arquivamento da Notícias Crime foi devidamente motivado pela constatação de clara falta de correlação entre a conduta do Requerente e fatos típicos, inclusive a previsão de conflito de interesses”, afirmou a defesa de Campos Neto, em referência a a atuação da PGR.
“Como visto anteriormente, o arquivamento da notícia foi de facto justificado pela PGR com base na total atipicidade e inexistência do facto, incluindo possíveis violações da legislação aplicável relativa a questões éticas”.
A defesa de Campos Neto argumentou ainda que a continuidade dos procedimentos instituídos pela Comissão de Ética Pública representa uma “transgressão implacável” da autonomia do Banco Central.
“Desta forma, as autarquias locais em regime especial [como é o Banco do Brasil] possuem certa margem de independência em relação aos poderes de fiscalização, fiscalização e regulação, de forma que não estejam sujeitos a injunções e interferências político-partidárias, uma vez que não estão diretamente sujeitos ao controle hierárquico, que neste caso específico seria do Executivo Central do Poder”, afirmaram os advogados.
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