Os investigadores analisaram o megatsunami ocorrido na Gronelândia em setembro do ano passado para esclarecer a origem da onda que atingiu, no seu pico, dezenas de metros de altura.
Graças ao isolamento da região, não houve vítimas, mas uma unidade militar foi destruída.
Um estudar publicado na revista The Seismic World registrou, na análise do megatsunami, um primeiro sinal sísmico de alta intensidade (o próprio tsunami), seguido de um sinal que esteve presente durante sete dias, em ondas que foram de um lado para o outro até 5 km de distância do ponto de partida.
Para descobrir tais movimentos, cientistas do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências (GFZ) analisaram dados da Agência Espacial Europeia e de satélites Dove espalhados pelo mundo.
O sismólogo da Universidade de São Paulo (USP) Bruno Collaço explica como o fenômeno acontece. “Quando as geleiras derretem, as paredes mais próximas da borda podem se soltar e, como resultado, um enorme bloco de gelo cai na água. Isso faz com que seja gerada uma onda, e a partir daí pode acontecer um megatsunami, dependendo do tamanho desse bloco de gelo”, disse o cientista.
Esse movimento foi identificado no tsunami que ocorreu na Groenlândia. A base militar destruída fica na Ilha Ella, onde a onda foi mais perceptível. A oeste, os pesquisadores identificaram um pedaço faltante de um penhasco no Fiorde Dickson, o que sugere que um deslizamento de geleira (mistura de rocha e gelo) causou o terremoto.
À medida que o derretimento dos glaciares aumentou gradualmente como resultado das alterações climáticas, acontecimentos como este tornaram-se mais prováveis.
“Os efeitos do aquecimento global e as mudanças no permafrost provavelmente reduzirão ainda mais a estabilidade das encostas e aumentarão a incidência de deslizamentos de terra e tsunamis”, afirma o estudo.
Um relatório publicado esta semana pela Organização das Nações Unidas (ONU) indica que, considerando um aumento de 2°C na temperatura do planeta, grande parte da Groenlândia e da Antártica deverá derreter.
Até agora, cerca de 35% do norte da Groenlândia foi perdido nas últimas quatro décadas, de acordo com um estudo estudar publicado no ano passado na revista Nature.
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