A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), destacou em relatório que está ocorrendo uma “grave crise” na Venezuela, que inclui o uso arbitrário da força, detenções ilegais , perseguição judicial, restrições à liberdade de expressão e obstáculos ao trabalho das organizações de direitos humanos.
A presidente da organização, Roberta Clarke, apresentou o relatório nesta quarta-feira (28) ao Conselho Permanente da OEA, onde destacou que pelo menos 23 pessoas morreram no contexto do conflito pós-eleitoral.
“Mortes imputáveis a forças do Estado, forças militares, polícias e colectivos que actuam com o consentimento do Estado”, afirmou.
O comissário também denunciou a detenção arbitrária de opositores e o assédio de pessoas que simplesmente não reconhecem os resultados anunciados pelas autoridades eleitorais —lideradas por funcionários alinhados ao chavismo e que até agora não publicaram as atas detalhadas dos centros de votação, conforme solicitado pelo vários governos.
“Pedimos ao Estado que acabe imediatamente com a penalização, o assédio e a perseguição aos defensores dos direitos humanos. A democracia, a ordem e o Estado de direito devem ser restabelecidos”, disse Clarke.
O CNN está tentando entrar em contato com o Ministério das Comunicações da Venezuela para obter uma declaração sobre este relatório.
Desde 2017, o Governo da Venezuela anunciou que iniciaria o processo formal de saída da OEA e que não participaria mais de suas reuniões. Por sua vez, o secretário-geral, Luis Almagro, afirmou que a posição da OEA é que a Venezuela continue a ser um Estado membro.
Embaixadores discutem crise
O embaixador do Uruguai na OEA, Washington Abdala, apelou à comunidade internacional para que lute ao lado daqueles que buscam a democracia na Venezuela.
“Os venezuelanos dentro ou fora do país sentem que sua luta, seu sacrifício está sendo desvalorizado. Ou ficamos do lado da coragem ou do lado da fraqueza. Ponto final (…) Ou com a democracia ou com os assassinos da democracia”, afirmou.
“Há 30 milhões de venezuelanos que pedem paz, respeito e democracia. Alguém pode ouvi-los ou estão condenados a viver no inferno?” perguntou o representante do Uruguai, um dos 12 convocadores da sessão desta quarta-feira.
O embaixador do Paraguai, Raúl Florentín, afirmou que “não há outra forma senão publicar os registos eleitorais o mais rapidamente possível e realizar uma verificação imparcial e independente das eleições” na Venezuela.
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