Nos últimos dias, o mercado passou a revisar para cima as expectativas de juros do Banco Central (BC), tema que não fazia parte do debate até algumas semanas atrás.
A constante piora das expectativas para a inflação tem levado bancos e corretoras a perceberem que esse movimento ocorrerá na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, entre os dias 17 e 18 de setembro.
A taxa básica de juros está em 10,5% ao ano desde maio, quando o conselho cortou a taxa em 0,25 ponto percentual. Na última reunião do Copom, em julho, analistas viram um tom mais duro na cúpula do BC.
A sinalização ficou mais forte nas últimas semanas, com sucessivos discursos de autoridades do BC afirmando que aumentos de juros não estão descartados pelo BC caso o cenário assim o exija, apesar de não mencionar prazos.
Analistas e instituições consultados pela CNN apontam para um direcionamento de política mais restritivo nas próximas reuniões do Copom, apesar de pequenas diferenças no nível em que o BC está disposto a aumentar os juros neste novo ciclo de alta.
Economia aquecida e expectativas não ancoradas
Para Tony Volton, ex-diretor do BC e professor adjunto da Universidade de Georgetown, o cenário abre espaço para três altas consecutivas de 0,5 ponto a partir do próximo mês, encerrando o novo ciclo de avanços com juros em 12%.
O economista destaca que o aquecimento da economia doméstica, refletido sobretudo no aumento das expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e na baixa taxa de desemprego, mostra que a procura está acima da oferta, o que gera mais pressão para trazer a inflação para a meta de 3%.
Além disso, o ex-BC cita a política fiscal expansiva e a desancoragem das expectativas de inflação em todos os horizontes temporais.
A autoridade monetária persegue uma meta de inflação de 3% —com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
Para o mercado, o número não será entregue neste ano e nem no próximo, segundo o Boletim Focus. Para 2024, os analistas veem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,22%, enquanto para o próximo ano a perspectiva é de 3,91%.
Nos últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços ao consumidor subiram 0,38% em julho e acumulam alta de 4,5% nos últimos 12 meses.
“Quando olhamos um checklist de fatores que impactam a dinâmica da inflação, o argumento é que sim, o Banco Central deveria iniciar um pequeno ciclo de aumento dos juros”, afirma.
A XP agora vê a Selic em 11,75% ao final deste ano, prevendo alta de 0,25 ponto percentual no próximo mês, seguida de duas altas de 0,5 ponto em novembro e dezembro e alta final de 0,25 ponto em janeiro do ano que vem, levando a taxa de juros para 12%.
Em relatório, a consultoria cita o mercado de trabalho aquecido, a recente desvalorização do câmbio brasileiro em relação aos seus pares e as expectativas de inflação, que continuam subindo.
O diagnóstico é o mesmo feito por BTG Pactual, Legacy Capital, Asa Investments e ARX Investimentos, que também revisaram as projeções. No caso do BTG, o banco menciona que um ajuste monetário “se torna cada vez mais necessário”.
O Legacy vê postura ainda mais agressiva do BC e prevê Selic a 12% em 2024. Com cerca de R$ 19 bilhões sob gestão, o Legacy trabalha com a possibilidade de três aumentos de 0,50 ponto a partir de setembro.
A leitura é igual à do ARX, porém com intensidade menor. O gestor estima que um novo aumento virá no próximo mês, elevando a alíquota para 11%, patamar que deve permanecer até o final do ano.
A percepção de juros mais altos no próximo ano já está consolidada no mercado financeiro, que agora descarta uma Selic de um dígito em 2025. A maioria dos agentes prevê juros em 10%, segundo a última pesquisa Focus.
Fator Galipólo
Apesar das incertezas quanto ao horizonte inflacionário, a XP cita que as recentes sinalizações dos membros do Banco Central foram o gatilho para a mudança nas expectativas sobre as taxas de juros.
Nas últimas semanas, a postura mais dura da autarquia foi liderada pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. Além de indicar um cenário mais desconfortável para o BC com as recentes projeções de alta dos preços do mercado, Galípolo reiterou que a instituição não hesitará em aumentar os juros, se necessário.
“Eles [os membros do Copom] mencionou que as perspectivas de inflação são incômodas e assimétricas para cima, e que o aumento das expectativas inflacionárias exige uma reação”, cita a XP em seu comunicado.
O diretor de macroeconomia da ASA e ex-diretor de política econômica do BC, Fábio Kanczuk, avalia que a inflação deve continuar subindo, ainda que suavemente, nos próximos meses e se diz cético ao comentar sobre a capacidade da autoridade monetária de atingir a inflação alvo.
Essa subida dos juros, esse pequeno ciclo em torno de 150 pontos, não é suficiente para fazer a inflação atingir a meta. Não estou convencido de que o Banco Central do Galípolo esteja disposto a perseguir o objetivo. Eu ainda não acredito
Fábio Kanczuk, diretor de macroeconomia da ASA
Na avaliação dele, com o Banco Central aumentando os juros em 2024, o governo estaria em uma zona de conforto, pois poderia continuar direcionando críticas ao atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, indicado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para Volpon, a alta dos juros nos próximos meses pode ser uma forma de Galípolo mostrar ao mercado que não haverá mudanças na abordagem atual do BC de não ser leniente com a inflação.
“Seria uma indicação dele de que está comprometido com a meta, antes mesmo de ser nomeado”, explica o ex-diretor do BC.
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