(Reuters) – Analistas do Goldman Sachs avaliam que o leilão da concessão da BR-381/MG marcado para a próxima quinta-feira (29) apresenta desafios em termos de fluxo de caixa ao vencedor no curto prazo, mas implica potencial criação de valor de 7% para CCR (CCRO3) e 32% para Ecorodovias (ECOR3).
Segundo Bruno Amorim e João Frizo, tanto a CCR quanto a Ecorodovias estão avaliando o pipeline de leilões promovidos pelo governo e ambas poderiam potencialmente apresentar uma proposta para este leilão, dadas as taxas de retorno atrativas e a revisão do projeto desde tentativas anteriores de leilão .
Lembraram que o governo fez duas tentativas de leilão deste projecto nos últimos anos, uma em 2022 e outra em 2023, que não recebeu propostas de investidores.
O contrato inclui a concessão por 30 anos de um trecho rodoviário de 303,4 km entre Belo Horizonte e Governador Valadares. As obrigações incluídas no leilão envolvem mais de 106 quilômetros de duplicação de novos trechos e a implantação de quase 83 quilômetros de faixas adicionais.
Após essas ocorrências, citaram os analistas, o governo revisou o projeto, buscando mitigar parte dos riscos do investimento e aumentar a taxa interna de retorno do projeto para atrair mais concorrência pelo ativo.
Segundo a equipe do Goldman Sachs, o leilão da BR-381 consiste atualmente em um investimento total de cerca de 5,5 bilhões de reais com taxa de retorno real regulatória de 11,97% — como referência, projetos recentes tiveram TIR em termos reais entre 9% e 10%.
“Este projeto teria um nível de free cash flow (FCF) negativo nos primeiros anos, dado o perfil do capex, com cerca de 75% do total nos primeiros sete anos de concessão”, afirmam. “Isso pode representar um desafio para potenciais licitantes, pois implica um maior risco de investimento no curto prazo.”
Sob as premissas governamentais para tráfego, capex e opex, e considerando um custo médio de capital para CCR e Ecorodovias, a análise de Amorim e João Frizo sugere que a concessão implica uma criação potencial de valor de 7% e 32% como percentagem do valor de mercado, respectivamente.
“Embora reconheçamos o elevado potencial de geração de valor presente líquido (VPL) sob as premissas do governo, notamos que a concorrência potencial para este projeto poderia reduzir os retornos”, ponderaram os analistas em relatório enviado na noite de quarta-feira.
“Além disso, o maior risco de capex deste projeto – 75% do capex nos primeiros 7 anos da concessão – pode justificar um custo de capital superior ao utilizado nas nossas estimativas de VAL – reduzindo também os retornos.”
A equipa da Goldman Sachs estimou também que, como referência, por cada desconto de 1 ponto percentual nas tarifas oferecidas, a TIR em termos reais diminui cerca de 0,2 pontos, enquanto cada aumento de 1% no investimento para todo o projecto leva a uma redução de cerca de 0,2 pontos na TIR.
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