(Reuters) – Autoridades de bancos centrais de todo o mundo se reúnem esta semana em Jackson Hole, no estado norte-americano de Wyoming, para participar do que se tornou o principal evento econômico do mundo: o simpósio anual do Federal Reserve de Kansas City, no Parque Nacional Grand Teton.
A reunião atrai a atenção dos investidores e – dependendo do que dizem as autoridades monetárias mais influentes do mundo nos seus comentários formais e em entrevistas nos bastidores – por vezes proporciona uma jornada difícil para os mercados.
Aqui está um guia sobre o que esperar e por que vale a pena prestar atenção.
Lista de convidados
Nos últimos anos, a lista de cerca de 120 convidados incluiu a maioria dos 19 responsáveis da Fed e algumas dezenas de outros líderes de bancos centrais da Europa, Ásia, África, Américas e outros países.
Participam também várias dezenas de economistas e autoridades do meio académico, governamentais e de organizações internacionais, bem como algumas instituições financeiras, bem como um grupo de jornalistas.
Detalhes sobre os participantes de cada ano e a agenda são mantidos em sigilo até a quinta-feira do evento.
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Um urso no salão
Normalmente, o programa começa na quinta-feira com jantar no histórico Jackson Lake Lodge. Os participantes que entram na sala de jantar privada passam por um urso pardo preservado no salão público do alojamento, que oferece vistas amplas das escarpadas montanhas Teton.
A conferência vai até sábado e consiste principalmente na discussão de uma série de artigos acadêmicos. O tema deste ano é “reavaliar a eficácia e a transmissão da política monetária”.
Muitos participantes reservam um tempo para caminhar por uma trilha e alguns vestem botas de cowboy e outras roupas de estilo ocidental.
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Evento principal
O principal evento do simpósio é o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, na sexta-feira (23).
Os investidores esperam que ele dê orientações mais claras sobre se acha que a inflação arrefeceu o suficiente para justificar um corte nas taxas no próximo mês e se as suas preocupações sobre o aumento da taxa de desemprego poderão fazer com que o primeiro corte seja profundo.
A maioria dos analistas espera um corte de 25 pontos base, mas, como observam os economistas do Deutsche Bank, “será difícil para Powell comprometer-se previamente com um caminho específico em Jackson Hole”.
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Powell prometeu ser dependente dos dados e há muitos dados económicos a serem divulgados antes da reunião do Fed de 17 a 18 de Setembro.
Mercados oculares
Grandes movimentos de mercado durante o simpósio de Jackson Hole não são comuns, mas acontecem.
O índice S&P 500 perdeu 3,4% no dia de 2022 em que Powell alertou que controlar a inflação mais elevada em décadas poderia trazer sofrimento às famílias e às empresas. Uma dor que, em sua maior parte, não se concretizou, mesmo com a queda substancial da inflação.
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A queda de 2,6% no índice S&P 500 no dia em que Powell discursou em 2019 deveu-se menos aos seus discursos do que a uma rápida escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.
Os discursos de Jackson Hole podem deixar uma marca mesmo quando o mercado de ações quase não se move.
Em 2020, Powell sinalizou que o banco central dos EUA deixaria de aumentar as taxas apenas em resposta a um mercado de trabalho mais forte do que o habitual, uma mudança notável em relação à ânsia histórica da Fed em agir cedo para evitar a inflação. O índice S&P 500 subiu 0,2% no dia.
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A origem
O Fed de Kansas City realiza o simpósio anual desde 1978. Seu foco inicial era a agricultura, mas depois de alguns anos os organizadores decidiram ampliar o escopo do encontro e tentar atrair nomes maiores.
Em 1982, eles mudaram a reunião para o local atual, a fim de atrair a participação do então presidente do Fed, Paul Volcker, um devoto da pesca.
A estratégia funcionou. Volcker compareceu ao jantar de abertura ainda com seu equipamento de pesca.
Alan Greenspan, que dirigiu a Fed de 1987 até ao início de 2006, iniciou em 1991 o que é hoje a marca do simpósio anual: um discurso do líder do banco central mais influente do mundo.
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