No final de agosto, uma mudança vista como transformacional para o mercado, inclusive o brasileiro, deverá ser concluída.
Na semana passada, o MSCI confirmou uma mudança relevante em sua metodologia e, com isso, passou a considerar a composição de seus índices ativos de um determinado país que são negociados em outros. No caso brasileiro, permitiu a entrada de empresas listadas nos Estados Unidos, como Nubank (BDR: ROXO34), XP (BDR: XPBR31), PagBank (BDR: PAGS31), Stone (BDR: STOC31) e Inter (BDR :INBR32) .
A norte-americana Morgan Stanley Capital International (MSCI), é conhecida, entre outras coisas, por publicar índices das principais ações do mundo, com foco principal na medição do desempenho das bolsas de valores, como destaca a Ágora Investimentos. Esses índices MSCI são utilizados como referência para diversos fundos de investimento de diversos países, inclusive do Brasil (através do MSCI Brasil).
No dia 30 de agosto, os gestores de carteiras passivas irão reequilibrar suas carteiras e o novo índice começará a ser negociado em 2 de setembro.
“Como argumentamos, acreditamos que a inclusão das listagens estrangeiras do Brasil nos benchmarks MSCI representa a maior mudança nos mercados de capitais latino-americanos desde o Novo Mercado, há duas décadas”, avaliam os estrategistas do Morgan Stanley.
As ações brasileiras listadas no exterior devem receber impulso com índices adicionais e compras de gestores, bem como proteção contra quedas em dias turbulentos. Para a Morgan, os investidores de carteira na América Latina devem prestar muita atenção à forma como os mercados de capitais estão a mudar para os EUA e para empresas maiores e mais líquidas.
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MSCI Brasil incluiu Embraer (EMBR3), XP, Inter, Nu, Pagbank e Stone na nova revisão do índice, enquanto Eneva (ENEV3) e Lojas Renner (LREN3) foram excluídas. Em termos de negociação, Ágora destaca que a entrada do Inter é a principal surpresa, já que as ações podem receber fluxos passivos equivalentes a 15 dias de negociação, enquanto a Eneva deverá ser a maior perdedora, com potencial de vendas equivalente a 8 dias de negociação.
Porém, na visão da equipe de estratégia da Ágora, além das questões imediatas, os impactos são muitos e podem ser profundos, subestimados e positivos no curto prazo. Com esta mudança, o Brasil se tornará mais relevante aos olhos dos investidores estrangeiros e, em decorrência dos fluxos passivos, os ativos podem até ter um desempenho melhor – o desempenho dos últimos dias pode ser, à primeira vista, um sinal preliminar desse movimento.
Com as alterações propostas, de imediato, o MSCI Brasil ganhará quase US$ 60 bilhões em valor de mercadoaumentando seu peso na América Latina em 4,1%, de 58,9% para 63%, ganhando também 0,7% de participação entre os Mercados Emergentes, de 4,3% para 5,0%.
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Por outro lado, os estrategistas do banco apontam que o mercado brasileiro também poderá ficar significativamente mais caro e concentrado em poucos setores: o setor financeiro, por exemplo, ampliará sua liderança, passando de uma representatividade de 27% para 37%, diluindo o peso das commodities em 5,4 pontos.
“Se por um lado essa mudança tornará o mercado brasileiro menos exposto às tempestades globais, pelo menos na perspectiva dos investidores estrangeiros, por outro lado, tornará os ativos locais um pouco mais caros, o que pode ser um fator negativo na um mundo cada vez mais passivo e quantitativo”, avaliam os estrategistas. A projeção é que o múltiplo Preço/Lucro (P/L) do MSCI Brasil suba 22%, para 8,9 vezes – ante 7,3 vezes antes das mudanças.
Porém, além de manter os múltiplos abaixo da média histórica, essa análise parece ser mais de curto prazo, diz Ágora – e desconsidera um fator-chave para o longo prazo: a adição de empresas de rápido crescimento ao índice. A inclusão de fintechs aumentará o crescimento esperado dos lucros.
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“Entendemos que essas mudanças movimentarão nosso mercado nas próximas semanas, possivelmente mantendo a trajetória positiva para os ativos – especialmente considerando que os investidores locais estão quase uniformemente cautelosos, absorvendo posições mais defensivas em suas carteiras, enquanto os investidores estrangeiros parecem menos negativos, mas não otimista”, avalia Ágora.
Para os estrategistas, soma-se a isso a queda iminente das taxas de juros americanas em setembro, que desencadeará uma busca ativa por ativos de risco, não apenas nos Estados Unidos, mas nos mais diversos mercados globais. “Isso obviamente torna nosso mercado particularmente sensível a menos notícias ruins”, avalia a equipe.
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