Um Obra inédita de Tarsila do Amaral (1886-1973) foi descoberta mais de 50 anos após a morte da artista. O trabalho, “Paisagem 1925”estava no meio de uma polêmica quando sua autenticidade foi questionada no início do ano.
Após suspeitas de falsificação terem sido levantadas durante a SP-Arte, maior feira de arte da América Latina, em abril, o quadro foi submetido à perícia de Douglas Quintale, perito do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, coproprietário do Quintale Art Law e presidente da Comissão de Autenticação de Obras de Tarsila do Amaral.
Em meio a esses rumores, a empresa responsável pela gestão da marca do artista, Tarsila SA, chefiada por Paola Montenegro, esclareceu que Quintale é o único perito autorizado a certificar as obras do pintor.
“Atualmente é impossível, por mais que uma pessoa conheça as obras de arte ou a produção de um artista, dizer se uma obra é falsa ou verdadeira apenas pela sua aparência plástica ou exame visual. São disciplinas e ciências afins que irão comprovar e corroborar premissas para uma conclusão objetiva”, afirmou Quintale.
A pintura, vista pessoalmente por menos de 10 pessoas, data de 1925 e faz parte da valorizada fase Pau-Brasil do artista, de caráter nacionalista e influência cubista, que vai de 1924 a 1928. Nessa época, Tarsila estava de volta de Paris passou a morar nas fazendas da família no interior de São Paulo e começou a pintar paisagens típicas brasileiras.
A década de 1920 é considerada a fase mais valiosa das obras de Tarsila de Amaral.
“Tarsila Ela é uma artista que produziu muito pouco durante sua vida; existem menos de 200 pinturas catalogadas. É uma produção muito escassa. Desta forma, poder revelar uma obra inédita significa aumentar o alcance de toda a obra do artista. É um património nacional que agora será descoberto em todo o mundo”, afirmou Thomaz Pacheco, fundador da OMA Galeria, que coordenou a certificação da nova obra.
Tela sobreviveu aos atentados no Líbano
A pintura cuja autenticidade foi questionada não foi incluída no catálogo raisonné de Tarsila, pois Ele nem esteve no Brasil durante a produção do seu catálogo. O proprietário da obra é Moisés Mikhael Abou Jnaid, brasileiro-libanês com dupla nacionalidade.
Segundo ele, o quadro foi um presente do pai para a mãe antes de se casarem, na década de 1960, quando moravam em São Paulo.
A obra permaneceu no Brasil até 1976, quando a família decidiu retornar para Zahle, no Líbano, e levou a obra junto com seus demais pertences. A pintura de Tarsila sobreviveu aos bombardeios israelenses e sírios no país entre 1980 e 1982, embora a casa onde a família morava tenha sido atingida e completamente destruída nessas ocasiões.
Somente em dezembro de 2023, Moisés decidiu retornar ao Brasil após a eclosão da guerra entre Israel e Hammas — e trouxe consigo a “Paisagem 1925”. Segundo ele, a família não tinha ideia do valor estimado da obra nem de sua importância para a arte brasileira.
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