O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ordenou ao Banco do Brasil e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um programa de renegociação de dívidas nos moldes do “Desenrola” voltado para famílias rurais.
A informação foi dada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, após reunião entre Lula e 35 representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na Granja Torto, neste sábado (17) em Brasília.
Foi o primeiro encontro de Lula com lideranças nacionais em seu terceiro mandato como Presidente da República.
“Este será o primeiro passo [o Desenrola para o campo]. Em segundo lugar, descobrimos um recurso para habitação, que é também um segundo passo que estamos a dar neste momento. Também há votação na Câmara de um recurso para acelerar a compra de terrenos. Então são passos que estão sendo dados no curto prazo, mas a nossa preocupação também é garantir que conseguiremos recuperar o orçamento do departamento para atender todas essas demandas no campo, que não são pequenas”, afirmou Paulo Teixeira.
Uma comissão formada por diferentes secretarias governamentais estudará as demandas apresentadas pelo MST. A expectativa é que os trabalhos durem até 40 dias e que uma nova reunião seja convocada posteriormente.
Uma das demandas consideradas mais emergenciais é o reassentamento das famílias acampadas. Em todo o país, são 65 mil nesta situação.
O MST apresentou a Lula um Plano Agrário que acredita ser necessário para permitir o avanço da Reforma Agrária Popular, com políticas ligadas ao assentamento de famílias acampadas, massificação da agroecologia, acesso ao crédito para a produção de alimentos saudáveis, combate à violência no campo e recuperação ambiental.
Os dirigentes também defenderam a necessidade de fortalecer e reestruturar órgãos ligados à reforma agrária, como o INCRA e a CONAB.
A reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes que atingiram nove assentamentos de reforma agrária no estado foi outro tema discutido. No total, mais de dois mil hectares de arroz foram perdidos pelas famílias.
Em nota divulgada após encontro com Lula, a direção nacional do MST avaliou o encontro como “importante e positivo” e afirmou que houve “tom sincero” e a “renovação do compromisso com a Reforma Agrária Popular por meio do diálogo permanente”. .
“O Movimento entende o delicado momento político do país, mas ressalta que a saída desse cenário passa pela atuação governamental para garantir a conquista de direitos pela classe trabalhadora e o combate à fome por meio da Reforma Agrária. O Presidente, por sua vez, ficou satisfeito com a visita. Destacou a importância do diálogo com as organizações populares como caminho para a reconstrução do país”, afirma o comunicado.
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