O JPMorgan rebaixou a classificação das ações da estatal mineira de saneamento Copasa (CSMG3) de neutra para abaixo do peso (exposição abaixo da média, equivalente a venda) das ações, embora tenha elevado o preço-alvo de R$ 20 para R$ 23, queda de cerca de 1% em relação ao fechamento de quarta-feira (14). Às 13h55 (horário de Brasília), as ações CSMG3 caíam 4,48%, a R$ 22,16, na sessão desta quinta-feira (15).
Como apontam os analistas do banco, a ação da Copasa foi impulsionada pela privatização da Sabesp (SBSP3), mas a história é outra, o que motiva o rebaixamento do CSMG3.
CSMG3 cresceu 36% nos últimos 12 meses, em comparação com +74% para SBSP3 e +4% para o setor, mesmo sem qualquer mudança fundamental particular ao nível da empresa ou da empresa-mãe. “Acreditamos que a reavaliação da CSMG3 é quase inteiramente atribuível à privatização da Sabesp, claramente um desenvolvimento positivo para o setor, mas o caminho futuro das duas empresas está agora bifurcado”, avaliam Henrique Peretti e Victor Burke, analistas que assinaram o Relatório CSMG3. Banco americano.
Enquanto a Sabesp foi privatizada e transformada em sociedade anônima, a Copasa continua estatal, com privatizações incertas e até riscos de federalização. “Acreditamos que, no futuro, a Copasa deverá ter um desempenho inferior ao da Sabesp em termos de margens de rentabilidade, crescimento e alocação de capital, tornando injustificáveis os atuais múltiplos”, avalia a dupla de analistas, destacando que o CSMG3 está sendo negociado a 0,8 vezes o Múltiplo EV/RAB (EV = valor da empresa, ou valor de mercado + dívida líquida”; RAB = base de ativos regulatórios) esperado para 2024 e em linha com seu preço-alvo de R$ 23, que já incorpora estimativas de Ebitda/LPA (Lucro por ação) acima do consenso.
O banco destaca que, mesmo que assumisse em seu modelo uma probabilidade de privatização de 50%, o potencial de valorização seria de 16%, insuficiente para sustentar sua anterior classificação neutra. No espaço das empresas de saneamento, sua principal escolha é a Sabesp, com recomendação sobrepeso (exposição acima da média do mercado, equivalente a compra), com preço alvo de R$ 125; para Sanepar (SAPR11), a recomendação é neutra, com preço alvo de R$ 32.
Para a Copasa, o preço alvo de dezembro de 2025 de R$ 20 para R$ 23 foi revisado ao refinar as revisões tarifárias de 2029 e 2033, elevando as projeções de muito longo prazo e, portanto, impactando positivamente o valor justo. As estimativas de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) para 2024-27 estão em média 8% acima do consenso, enquanto as estimativas de lucros estão em média 9% acima do consenso para o mesmo período.
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“Isso significa que o preço-alvo já incorpora fluxos de caixa futuros otimistas para a Copasa e, mesmo assim, não é suficiente para indicar um valor justo superior”, ressalta.
A saga continua
O banco lembra que a saga Federalização x Privatização continua. O JPMorgan lembra que, no início de 2023, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, apresentou à Assembleia do Estado um projeto de lei para alterar a constituição do estado a fim de permitir a privatização de empresas estatais sem referendo. A ideia era abrir as portas para a privatização da Cemig (CMIG4), Copasa e Gasmig.
Porém, no final de 2023, o mesmo governador admitiu conversas com o governo federal e legisladores sobre uma possível federalização das empresas estatais para pagar a enorme dívida do estado com o governo federal brasileiro. Nos últimos meses, as discussões sobre a federalização foram de idas e vindas e até o momento nenhum acordo de renegociação da dívida foi concluído, segundo carta do governo à Copasa no final de junho. “Enquanto as conversas continuarem nas esferas políticas superiores, é improvável que quaisquer estudos de privatização na Assembleia Estadual de MG avancem”, avalia o JPMorgan, vendo também que a federalização da Copasa é uma possibilidade realmente remota, mas esse risco precisa ser considerado pelo mercado .
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Além disso, ele acha que a privatização fica ainda mais remota durante o último mandato de Zema como governador, de 2023 a 2026. Porém, o ruído deve continuar, mesmo que sem impacto direto nas operações da empresa.
Os dividendos, por sua vez, podem ser surpresas positivas, destaca o banco. A Copasa registrou relação dívida líquida/EBITDA dos últimos 12 meses de 1,6x no 2T24 e deve ficar em torno de 1,5x entre o final de 2024 e o final de 2026. A política de dividendos da Copasa para 2024 é de 50% pagamento (dividendo em relação ao lucro), e é o mesmo para os próximos anos.
“Este nível de pagamento deverá produzir rendimentos de dividendos de 8%, em média, entre 2024 e 2026. Porém, a Copasa tem capacidade de pagar dividendos extraordinários para adequar sua estrutura de capital, o que afetaria positivamente a ação e representa um dos principais riscos de alta para nossa classificação” , ele ressalta.
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