Dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) indicam que no período entre 2014 e 2024 ocorreram 388 incidentes fatais envolvendo aeronaves no Brasil, que levaram a 746 vítimas fatais. O número não leva em conta as perdas decorrentes da queda do ATR 72-500, em Vinhedo, na última sexta-feira (9), que deixou 62 mortos.
Os números deste painel mostram que o “fator contribuinte” mais recorrente entre os acidentes é a perda de controle em voo, com 124 ocorrências. Aparecem então fatores indeterminados, falhas ou mau funcionamento do motor, operação em baixa altitude e voo controlado contra o terreno.
Veja a lista abaixo:
- Perda de controle em vôo: 124
- Indeterminado: 54
- Falha ou mau funcionamento do motor: 46
- Operação em baixa altitude: 29
- Voo controlado contra terreno: 22
- Colisão com obstáculo durante decolagem e pouso: 20
- Falha ou mau funcionamento do sistema/componente: 15
- Outros: 11
- Combustível: 9
O Cenipa não trabalha com a “causa” dos acidentes, mas com fatores contribuintes. “Causa” refere-se a um fator que se destaca, que é preponderante, e a investigação não escolhe um fator como principal, segundo o próprio centro.
Além disso, a investigação do Cenipa não tem finalidade criminal, mas visa prevenir novos acidentes, a partir da análise de informações e obtenção de conclusões. Paralelamente ao processo do Cenipa, a autoridade policial realiza a investigação criminal.
Em entrevista à CNN, o ex-chefe da Divisão de Investigações do Cenipa Rufino Antônio da Silva Ferreira — assim como outros especialistas — afirmou que ainda é impossível indicar algum dos fatores contribuintes para o acidente ocorrido em Vinhedo.
Investigação do Cenipa
Ferreira destaca que não é possível prever o tempo necessário para a investigação de um acidente, pois há variação considerável de caso para caso. A partir de agora, em termos gerais, o Cenipa reúne comitês de profissionais, coleta dados, depois analisa esses dados e só então chega às primeiras conclusões.
Rufino Antônio da Silva Ferreira coordenou as investigações sobre a queda do Gol 1907 no Cenipa, em 2006. O Boeing 737 caiu após colidir no ar com um Embraer Legacy 600, que resultou em 154 mortes.
A investigação segue basicamente três linhas: operacional, que analisará questões como manutenção do avião, plano de voo e até clima; o humano, que analisará fatores ligados à vida de pilotos, profissionais de centros de comando, entre outros; e o material, para observar o avião, a infraestrutura aeroportuária, etc.
Devido a essas nuances, estarão envolvidos profissionais das mais diversas áreas, desde mecânicos até psicólogos. Uma investigação deste porte deve envolver dezenas de pessoas. O processo coordenado por Ferreira, por exemplo, envolveu mais de 200 pessoas.
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