Expulso do Brasil pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quinta-feira (9), numa medida de reciprocidade após o governo de Daniel Ortega ter feito o mesmo com o embaixador brasileiro, o então embaixador da Nicarágua em Brasília não tem histórico diplomático, mas sim de militância no sandinismo .
Fulvia Patricia Castro Matus, 52 anos, que agora assumirá o Ministério da Economia Familiar de seu país, retornou à Nicarágua antes mesmo de sua expulsão ser confirmada pelo governo brasileiro.
No Brasil desde fevereiro, ela já chegou ao país para exercer a função de ministra-conselheira e encarregada de negócios, a mais alta hierarquia da representação diplomática da Nicarágua no momento, desde que o ex-embaixador, Gadiel Arce, deixou o Brasil em janeiro. e o anterior encarregado de negócios em fevereiro, após apenas uma semana no cargo.
Em maio, Castro Matus recebeu o prêmio para se tornar embaixador do país. Na ocasião, a vice-presidente da Nicarágua, Rosário Murillo, agradeceu a concessão da aprovação enviando um “abraço agradecido” ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao chanceler brasileiro Mauro Vieira.
Antes de assumir a função diplomática, Castro Matus foi secretário político da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) em Matagalpa, estado onde nasceu, na Nicarágua. O FSLN foi o partido que promoveu a revolução de 1979, após derrubar o ditador Anastasio Somoza.
Murillo destacou que “durante anos” a então embaixadora realizou tarefas diárias na rede de voluntariado social e cultural da Nicarágua, em “comunidades mais humildes” do seu estado natal. Segundo o vice-presidente, Castro Matus trabalhou na “luta pelo desenvolvimento, segurança e paz”.
Antes de vir ao Brasil, o representante da Nicarágua, formado em Relações Internacionais e mestre em Ética e Administração Pública, também trabalhou na Procuradoria-Geral da República da Nicarágua, órgão equivalente, no Brasil, à Procuradoria-Geral da República.
Castro Matus deixou o Brasil em decisão recíproca decidida por Lula após a expulsão do embaixador brasileiro Breno de Souza de Manágua. O diplomata, que ontem deixou o país centro-americano, desagradou o governo da Nicarágua ao não comparecer ao evento de comemoração do aniversário da Revolução Sandinista, no dia 19 de julho.
De acordo com relatos feitos CNNa relação entre os países estava praticamente congelada nos últimos meses, após tentativas do governo brasileiro de interceder em favor da libertação de presos religiosos na Nicarágua.
O próprio presidente Lula confirmou, em julho, em conversa com correspondentes da mídia estrangeira em Brasília, que Ortega não respondeu ao seu pedido de telefonema e que os dois não se falavam mais.
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