Uma megaoperação da Polícia de São Paulo e do Ministério Público teve nesta semana como alvo o crime organizado na região da Cracolândia, na capital paulista.
O tema é um dos principais temas da disputa municipal nas eleições deste ano.
A CNN questionou os cinco candidatos com maior pontuação no agregador de pesquisas Índice CNN sobre propostas para o problema na região.
Ricardo Nunes
A campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que já adota uma abordagem multissetorial, combinando ações coordenadas de segurança, saúde, assistência social e direitos humanos na região centro.
Segundo o prefeito, essa abordagem reduziu drasticamente o número de usuários e ampliou o acesso a internações voluntárias de dependentes químicos. A campanha propõe a manutenção dessas ações e a integração com as forças de segurança do Estado no combate ao tráfico de drogas e à criminalidade.
Nunes destaca que “com investimento recorde, mais que triplicamos o orçamento de Segurança Urbana, combinando aumento de pessoal, tecnologia, desenvolvimento profissional e investimento em infraestrutura”.
Guilherme Boulos
A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) elenca quatro propostas principais para a região:
- A Criação de um Gabinete Integrado para a Cracolândia, vinculado diretamente ao Prefeito e envolvendo todas as Secretarias que atuam na Cracolândia;
- Criação de unidades móveis de Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas na região, levando profissionais de saúde mental até as pessoas;
- Criação de uma fiscalização especial de segurança urbana dedicada à região formada pelos bairros da Luz, Campos Elíseos e Santa Efigênia, com foco na segurança e no bem-estar social, por meio de uma abordagem integrada, com serviços de saúde, assistência social e direitos humanos, contando também com nas forças de segurança estaduais, fortalecendo o combate ao tráfico de drogas e aos ferros-velhos irregulares na região;
- Implementação de um programa de recuperação social e criação de emprego para ex-toxicodependentes em tratamento no CAPS Móveis, promovendo a formação e procurando parcerias com empresas e comerciantes da região, contando também com uma política de formação dirigida aos catadores de reciclagem e ao trabalho cultural e artístico do território .
José Luiz Datena
José Luiz Datena (PSDB) afirma que a falta de segurança é um dos maiores problemas de São Paulo.
Ele promete “atacar esse tema com a firmeza e a autoridade que merece” e diz que “ninguém nesta disputa eleitoral tem mais condições e experiência para enfrentar o banditismo do que eu”.
Datena defende que é fundamental a participação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na defesa e proteção dos paulistanos, em apoio às forças estaduais e federais. O GCM deve ter poderes policiais, incluindo serviços de inteligência e investigação.
O candidato quer aumentar o monitoramento por câmeras com reconhecimento facial espalhadas pela cidade e ampliar a parceria entre a Operação Delegada e a Polícia Militar para facilitar a vigilância de criminosos.
Segundo Datena, o foco é “evitar que as drogas cheguem às dezenas de cracolândias da cidade, porque hoje São Paulo não tem apenas uma cracolândia, mas 72 espalhadas pela cidade”. “Buscaremos soluções para esse problema trabalhando em parceria com o governo estadual e o governo federal.”
“Além de trabalharmos com as forças de segurança no combate ao tráfico, acolheremos os toxicodependentes oferecendo um tratamento digno, com mais abrigos. E, acima de tudo, tratar as pessoas com respeito, não aprisionando dependentes químicos em guetos”, finaliza.
Tabata Amaral
A candidata Tabata Amaral (PSB) promete “desmontar” o sistema com uma estratégia integrada em quatro pilares: segurança pública, planejamento urbano, saúde e assistência social.
Na segurança pública, pretende estabelecer reuniões mensais com os comandantes das forças de segurança para:
- definir e acompanhar o cumprimento das metas;
- utilizar tecnologia e inteligência para atacar a economia do crime organizado;
- criar o Centro de Justiça Restaurativa, para receber e julgar rapidamente crimes relacionados a drogas na região;
- implementar mecanismos imediatos de integração eletrônica entre o GCM e o Poder Judiciário para identificar pessoas em descumprimento de medidas judiciais”.
No plano urbanístico, ele promete ressignificar o uso dos territórios ocupados pela Cracolândia, “a começar pela criação do Distrito Eletrônico Santa Ifigênia, que trará ao bairro empresas de tecnologia, instituições de pesquisa científica e startups”.
“Além da atividade económica, vamos também incentivar a circulação de pessoas, os serviços públicos e a convivência familiar na região. Para isso, implementaremos ações de política habitacional para ocupar imóveis abandonados e cuidar prioritariamente da zeladoria e da iluminação pública”, afirma.
Para a saúde, Tabata quer oferecer atendimento mais especializado em dependência química e saúde mental, aumentando o número de médicos, enfermeiros, psicólogos e leitos psiquiátricos na rede municipal, respeitando os princípios do “tratamento humanizado e individualizado”.
Por fim, na assistência social, ela cita equipes que conhecem pelo nome as pessoas dependentes e buscam reconectá-las com suas famílias. O candidato afirma que é fundamental entender cada história para oferecer o suporte necessário e tratar o problema na origem.
Pablo Marçal
Pablo Marçal (PRTB) afirma que para resolver a situação da Cracolândia “precisamos de uma abordagem abrangente e integrada que envolva reabilitação, prevenção, segurança pública e revitalização urbana. Temos a responsabilidade de enfrentar a Cracolândia com compaixão, respeito e ações concretas.”
O candidato diz estar comprometido com uma reabilitação completa e sustentável, sem politização e ideologização do problema, e fala em investir na educação, no desporto e nas oportunidades de emprego para evitar que mais pessoas caiam em vulnerabilidade.
Marçal defende parcerias entre o setor público e privado, citando o exemplo de uma ONG que já retirou mais de 3.500 pessoas das ruas. O candidato promete apoiar e ampliar iniciativas como essa. Ele também afirma que a hospitalização compulsória não é a resposta.
Pablo também cita o trabalho conjunto com a polícia de SP “para reprimir o tráfico de drogas e evitar a proliferação do crime organizado entre os usuários”, utilizando inteligência e tecnologia.
Sobre a revitalização da região, Marçal diz que vai investir “na infraestrutura da área, promovendo a regularização fundiária e incentivando o desenvolvimento de habitações populares e projetos de uso misto que integrem habitação, comércio e serviços”.
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