Um possível aumento da Selic, taxa básica de juros da economia, dependeria da trajetória do câmbio, disseram economistas nesta terça-feira (6), em comentários à ata do Copom divulgada esta manhã.
“A taxa de câmbio parece ser a variável mais importante a monitorizar e deverá definir os próximos passos da política monetária. Com a recente mudança de cenário e a perspectiva de maiores cortes por parte do Fed, a taxa de câmbio pode ter alguma acomodação e afastar possíveis pressões adicionais sobre as expectativas de inflação, levando ao cenário de manutenção da Selic. Uma elevação dos juros seria, no entanto, considerada uma piora do cenário e uma nova deterioração na evolução da inflação”, afirmou Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, em nota.
Para o Itaú, a ata deixou mais claro que o BC está pronto para aumentar a taxa Selic caso persistam as tendências recentes nas expectativas de inflação e na dinâmica cambial.
“Resumindo, a ata mostra um comitê que está pronto para aumentar os juros se a moeda permanecer onde está. Como acreditamos que o real se fortalecerá nas próximas semanas, à medida que os mercados globais se acalmarem, mantemos, por enquanto, a previsão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano. Caso o câmbio não reaja, será inevitável um ciclo de alta, a partir de setembro”, afirma a instituição em nota.
Apesar de mencionar que a trajetória da moeda brasileira frente ao dólar não tem ligação direta com a condução da política monetária, o comitê afirma que os recentes movimentos cambiais foram “amplamente” debatidos na reunião da semana passada e os coloca entre uma das condições para a dinâmica da inflação.
“Observou-se que, caso tais movimentos se mostrem persistentes, os impactos inflacionários resultantes poderão ser relevantes e serão devidamente incorporados pelo Comitê. Com isso, o Comitê avaliou que agora é o momento de um monitoramento diligente das condições de inflação e de maior vigilância diante de um cenário mais desafiador”, diz a ata.
Na ata, o Copom foi interpretado pelos analistas como mais duro do que parecia no comunicado de decisão da semana passada, principalmente ao dizer que “não hesitará em aumentar a taxa de juros para garantir a convergência da inflação à meta”.
“O tom foi significativamente mais duro do que a declaração pós-reunião (…). A visão unânime no Copom foi de que o cenário mais desafiador, marcado por previsões de inflação mais elevadas e também por maiores riscos altistas, exige um ‘monitoramento diligente das condições de inflação’”, afirma o Bradesco em nota.
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