O candidato presidencial da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, e a líder da oposição, María Corina Machado, apelaram, em carta aberta publicada nas redes sociais nesta segunda-feira (5), aos militares e à polícia para que fiquem “ao lado do povo”.
Na nota, os dois pedem aos militares que pensem nas próprias famílias e que “cumpram os seus deveres institucionais”, “não reprimam o povo e o acompanhem”.
“Com esta violação massiva dos direitos humanos, o alto comando alinha-se com Maduro e os seus interesses tendenciosos”, indicam os opositores na carta.
“Temos consciência de que em todas as componentes das Forças Armadas Nacionais (FAN) existe a decisão de não reprimir os cidadãos que exigem pacificamente os seus direitos e a vitória. Nós, venezuelanos, não somos inimigos da FAN”, acrescentaram.
A nota dos líderes da oposição surge uma semana depois de milhares de pessoas terem saído às ruas em vários pontos do país para protestar contra os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou o presidente Nicolás Maduro o vencedor, em meio a alegações de fraude por parte da oposição e apelos internacionais à transparência no processo.
Os protestos foram denunciados como atos de vandalismo e ataques que faziam parte de uma tentativa de golpe de Estado do governo Maduro, que alegou sem provas que foi promovido por opositores com o apoio de governos e figuras no exterior. Segundo o presidente, cerca de 2 mil pessoas foram presas durante a semana nas manifestações e operações registradas posteriormente.
Na carta, González e Machado dizem aos militares e policiais que na verdade foi Maduro quem realizou um “golpe de Estado que contraria toda a ordem constitucional e quer torná-los seus cúmplices” e apelam aos órgãos “para impedir as ações de grupos organizados pela liderança de Maduro, uma combinação de esquadrões militares e policiais e grupos armados fora do Estado”.
Até esta segunda-feira (5), nem a FAN nem a polícia haviam comentado o depoimento dos opositores e do CNN Estamos trabalhando para obter comentários dessas entidades.
Neste domingo (4), Maduro indicou, durante evento com a Guarda Nacional, que as Forças Armadas foram leais à “doutrina bolivariana” e ao legado do ex-presidente Hugo Chávez.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, também disse após as eleições que os militares reafirmaram a sua “mais absoluta lealdade e apoio incondicional” a Maduro.
Na carta desta segunda-feira, González e Machado reiteram a afirmação de que venceram as eleições numa “avalanche eleitoral” e disseram aos militares e à polícia que o seu “novo governo oferece garantias a quem cumpre o seu dever constitucional”.
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