O mercado financeiro se assustou com os dados de emprego nos Estados Unidos divulgados na última sexta-feira (2). A fraca criação de emprego em Julho, combinada com aumentos das taxas de juro no Japão, criou um forte sentimento de aversão ao risco. A Bolsa de Valores Japonesa teve hoje a pior queda desde 1987.
O cenário caótico também afeta o Brasil: o dólar sobe frente ao real e o Ibovespa cai. No meio da tempestade, os investidores brasileiros se perguntam se deveriam fazer alterações em seu portfólio e se preparar melhor para o que está por vir.
Com o medo de correr riscos em um cenário cheio de incertezas, a renda fixa deve ser mais procurada, segundo Fabrício Silvestre, analista de renda fixa da Levante Inside Corp. “São títulos importantes para carteiras, que amenizam o efeito das oscilações, principalmente em tempos de maior incerteza”.
Para Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital, “é importante olhar com calma os fundamentos da carteira para entender a que o investidor está exposto”. A partir daí vem a decisão de reequilibrar ou não a carteira. Ela vê possibilidade de forte movimento de queda na Bolsa dos Estados Unidos, o que poderia disparar um alerta para quem tem posições no exterior, por exemplo.
Mas o ideal, para os especialistas, é manter uma visão de longo prazo, sem promover mudanças estruturais no portfólio a cada turbulência. “Geralmente os apressados são os que perdem nas crises”, afirma Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP). E acrescenta: “quem ganha é quem espera um momento melhor para ver toda a situação e ver que rumo a economia tomará”.
Ainda assim, existem pelo menos três investimentos que poderiam ser uma opção neste momento de turbulência. Veja recomendações de especialistas.
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Tesouro Selic
Os investidores que avaliam a necessidade de fazer movimentos defensivos têm opções interessantes em renda fixa. Uma delas é utilizar ativos pós-fixados, como o Tesouro Selic, para fazer reserva de oportunidade, parcela da carteira que está em espera para quando o investidor voltar a se sentir confiante em entrar na renda variável e encontrar ações ou outros títulos por um preço que considere atrativo. “A taxa pós-fixada ainda parte da base de rentabilidade acima de 10% ao ano”, explica Kist.
Tesouros
Silvestre aponta para títulos do Tesouro dos EUA (Tesouros) como os mais seguros no momento, pois possuem alta liquidez e também protegem os brasileiros da alta do dólar. Para os ativos brasileiros, ele concorda com o especialista da Matriz: “o Tesouro Selic é a melhor opção nos momentos em que a aversão ao risco tende a penalizar os ativos emergentes”.
Um dos fatores que tornam as taxas pós-fixadas mais seguras é a possibilidade de aumento das taxas de juros futuras, com os mercados globais pedindo mais prêmios para investir em países como o Brasil. Isso causaria prejuízos à carteira de quem comprou recentemente prefixado e quer vender o papel rapidamente.
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Tesouro IPCA+
Outra opção é o Tesouro IPCA+, que tem parte de sua rentabilidade atrelada à variação da inflação. Como os preços podem ser impactados pela alta do dólar, esses ativos oferecem proteção ao portfólio. É uma opção para “aproveitar que o cenário de estresse também traz alguma volatilidade à curva de juros”, como explica Jaqueline Kist. Mas aqui a dica de Gomes é importante, pois aguardar o melhor momento para comprar é fundamental para diminuir as chances de perdas em caso de resgate antecipado. Nesta segunda-feira, os títulos operam com taxas em queda.
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