O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajará ao Chile neste domingo (4) para uma visita oficial de dois dias.
Em Santiago, capital chilena, Lula será recebido pelo presidente Gabriel Boric em cerimônia típica de visita de Estado. Será o primeiro encontro entre os dois depois de divergências relacionadas à Venezuela no ano passado.
Na segunda-feira (5), Lula participará de uma oferta de flores e irá a um encontro privado com Boric, no Palácio de La Moneda, sede do governo. Também estão previstas visitas ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal.
Na agenda, os chefes de Estado devem assinar 17 acordos bilaterais em diversas áreas, como ciência e tecnologia, direitos humanos, segurança cibernética e educação.
A ideia é ampliar os laços com o governo chileno e promover parcerias econômicas em áreas vistas como potenciais entre os dois países.
“Com o Chile temos um comércio relativamente equilibrado, mas acho que falta diversificação. Basicamente exportamos petróleo, automóveis e carne. E importamos cobre, produtos derivados e minério. Há espaço para diversificação”, disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária para América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores.
Lula e Boric também participarão de fórum empresarial organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
A viagem acontece num momento em que os líderes mundiais questionam o resultado das eleições presidenciais na Venezuela.
Após acusações de fraude eleitoral nas eleições do último domingo (28), Nicolás Maduro disse que expulsaria o corpo diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
Segundo o Itamaraty, a situação do país vizinho não será discutida oficialmente entre os presidentes.
Diplomatas ouvidos pela CNN, porém, avaliam que, diante da escalada da tensão na Venezuela, o tema não conseguirá escapar da agenda.
O embaixador também concorda que é natural que os dois presidentes falem sobre a região durante reuniões privadas.
“Em uma reunião fechada é o momento em que você pode conversar com mais liberdade. É natural que falem sobre os assuntos do dia. A declaração será bilateral, mas não incluirá nada especificamente sobre a Venezuela”, explicou Padovan.
Fricção no passado
A crise na Venezuela já foi alvo de embate entre Lula e Boric no ano passado. Durante encontro com presidentes de países sul-americanos, em Brasília, Boric refutou o discurso do presidente brasileiro sobre denúncias de violações de direitos humanos no governo de Maduro.
Na ocasião, Lula afirmou que a Venezuela “é vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”. A afirmação foi feita ao lado do presidente venezuelano após reunião bilateral no Palácio do Planalto, em maio de 2023.
O presidente chileno discordou e afirmou que a situação do país ao norte do continente sul-americano é real e grave.
“Não é uma construção narrativa, é uma realidade, é sério, e tive a oportunidade de ver de perto o rosto e a dor de centenas de milhares de venezuelanos que, hoje, vieram à nossa pátria e que também exigem uma posição firme e clara de que os direitos humanos devem ser respeitados sempre e em todo o lado, independentemente da cor política do actual governante. Isso se aplica a todos nós”, disse Boric.
Desta vez, Chile e Brasil estão na mesma página. Ambos exigem que o governo de Maduro divulgue dados eleitorais após as “polêmicas”.
“Será uma visita simbólica que faz parte desse processo de aproximação político-diplomática entre Brasil e Chile após um período de certo esfriamento desde a posse de Boric, quando havia distanciamento entre dois países que têm 180 anos de relações bilaterais”, disse o Embaixador Padovan.
*Repórter Carol Rosito viaja a convite da ApexBrasil
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