O coração, um dos órgãos mais vitais do corpo humano, funciona como uma bomba que impulsiona o sangue por todo o corpo.
Este processo contínuo depende de um sistema elétrico preciso que coordena cada batida. Quando ocorre uma falha neste sistema, o parada cardíaca súbita pode se manifestar, interrompendo abruptamente a circulação sanguínea e colocando a vida em risco.
Em casos extremos, o fenômeno leva a morte súbita, um evento inesperado que pode afetar pessoas de todas as idades e níveis de saúde. Embora geralmente não haja sinais prévios óbvios, os especialistas indicam que alguns sintomas podem aparecer antes do evento fatal.
“Muitas pessoas podem sentir dor no peito, náusea, mal-estar, fraqueza ou falta de ar horas antes do início da doença. parada cardíaca“, explica o cirurgião cardíaco Alexandre Siciliano, do Hospital São Lucas de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Sintomas precursores
Ricardo Contesini, cardiologista esportivo e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ressalta que esses sintomas podem aparecer durante ou após atividades físicas, principalmente em indivíduos com fatores de risco como hipertensão, diabetes, tabagismo e sedentarismo.
Embora a morte súbita possa ocorrer em qualquer ambiente, Contesini afirma que é mais comum em academias, parques e instalações esportivas, independentemente do nível de condicionamento físico do indivíduo.
A prática de esportes intensos, sem o devido preparo ou exames médicos prévios, pode desencadear esses eventos em pessoas aparentemente saudáveis.
Sinais de aviso
Veja abaixo os principais sinais de alerta.
Palpitações e desconforto no peito
Um dos sinais mais comuns relatados por sobreviventes de parada cardíaca súbita são palpitações cardíacas intensas e frequentes. Essa sensação de batimento cardíaco rápido e irregular pode ser acompanhada de desconforto ou dor no peito.
Falta de ar e tontura
A dificuldade em respirar, mesmo em repouso, e a sensação de tontura ou vertigem também são sinais preocupantes. Esses sintomas podem ser resultado de fluxo sanguíneo inadequado para o coração e o cérebro, um precursor da parada cardíaca.
Náusea e indigestão
Náuseas, vômitos e desconforto abdominal persistentes, muitas vezes confundidos com problemas digestivos comuns, podem na verdade ser sinais de sofrimento cardíaco. A dor pode irradiar para o braço esquerdo, mandíbula ou costas.
Fraqueza extrema e fadiga
Uma sensação de fraqueza incapacitante e fadiga inexplicável, mesmo após um bom descanso, pode indicar uma problema cardíaco subjacente. Em alguns casos, as pessoas relatam sentir uma “sensação de destruição iminente”.
Causas e fatores de risco
Siciliano explica que diferentes distúrbios do ritmo cardíaco podem ser os responsáveis, como assistolia (falta de impulso elétrico), fibrilação ventricular (ritmo cardíaco desorganizado) e dissociação eletromecânica (ausência de contração mecânica apesar do estímulo elétrico).
Esses distúrbios podem ser causados por infarto do miocárdio, cardiopatias estruturais, cardiomiopatias, insuficiência cardíaca, bloqueio cardíaco, uso de drogas ilícitas, entre outros. Nas crianças, os defeitos cardíacos congênitos também são uma causa significativa.
Além das doenças cardíacas, condições como traumas com sangramento intenso, doenças respiratórias, esforços físicos extenuantes em climas extremos, infecções e envenenamentos exógenos também podem precipitar a morte súbita. “Mais de 320 mil brasileiros sofrem parada cardíaca fora do hospital todos os anos”, destaca o médico.
Em indivíduos com menos de 35 anos, as principais causas são doenças genéticas, como cardiomiopatia hipertrófica e displasia arritmogênica do ventrículo direito.
Em adultos acima dessa faixa etária, a doença arterial coronariana (ataque cardíaco) é a causa mais comum, acompanhada de condições como tromboembolismo pulmonar e acidente vascular cerebral, geralmente relacionadas a fatores de risco adquiridos ao longo da vida.
Prevenção e intervenção
A prevenção da morte súbita começa com uma avaliação médica completa, principalmente para quem pretende iniciar ou intensificar atividades físicas.
“A única forma de prevenir a morte súbita é realizar exames pré-participação [antes de praticar uma atividade física]que visam identificar doenças silenciosas ou alterações que possam representar risco”, afirma Contesini.
Essa avaliação deve incluir consulta médica, exame físico e, no mínimo, eletrocardiograma para verificar a saúde cardiovascular. Em situações de emergência, como paragem cardíaca súbita, uma acção rápida é crucial.
Siciliano destaca a importância de acionar imediatamente o pronto-socorro e iniciar a massagem cardíaca, além do uso de desfibriladores externos automáticos (DEAs), disponíveis em diversos locais públicos.
Esses dispositivos são capazes de diagnosticar e tratar automaticamente certos tipos de arritmias potencialmente fatais com corrente elétrica. Agir de forma rápida e eficaz em casos de emergência é igualmente vital para aumentar as probabilidades de sobrevivência.
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