Como parte de sua visita oficial a Santiago, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará, nesta segunda-feira (5), do Fórum Empresarial Brasil-Chile com o objetivo de ampliar o comércio e os investimentos entre os dois países.
O encontro é promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) em parceria com o Ministério das Relações Exteriores.
No evento são esperadas mais de 500 pessoas, entre autoridades, ministros, representantes de empresas de diversos setores e instituições públicas dos dois países.
O presidente Lula deverá discursar ao final do encontro, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric.
Mapeamento realizado pela Apex-Brasil mostra que o mercado chileno oferece 1.745 oportunidades comerciais para a expansão das exportações brasileiras, com destaque para quatro setores: máquinas e equipamentos de transporte, combustíveis e lubrificantes, produtos alimentícios e artigos manufaturados em geral.
Esses mercados norteiam as ações comerciais do governo brasileiro durante a visita oficial de Lula à capital chilena.
Também estarão presentes os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Corredor Bioceânico
Empresários brasileiros e chilenos também terão a oportunidade de debater temas da agenda regional, como as obras de infraestrutura do Corredor Bioceânico, caminho de mais de 1.800 km que ligará o Centro-Oeste brasileiro aos portos do Norte do Chile.
O projeto envolve uma parceria entre quatro países sul-americanos: Brasil, Chile, Argentina e Paraguai.
Do lado brasileiro, o trecho de 13 quilômetros da BR-267 que dá acesso à ponte internacional — e ligará Brasil e Paraguai — tem orçamento garantido pelo novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo o Ministério do Planejamento, o trecho da obra custará cerca de R$ 200 milhões.
A viagem de Lula ao Chile poderá trazer avanços na questão aduaneira do corredor, que ainda é considerado um desafio para os governos envolvidos.
Responsável pela coordenação do projeto no estado de Mato Grosso do Sul, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, avalia que o encontro bilateral representa uma oportunidade para fortalecer a cooperação entre os países do corredor e promover o turismo e desenvolvimento sustentável na região.
“O fórum é essencial para que os governos confirmem posições políticas e construam acordos regulatórios. Quando o governo sinaliza essas condições para os empresários, o capital privado vem por si”, afirmou o secretário.
Segundo o Itamaraty, a obra está em fase de conclusão e, neste momento, os países discutem como garantir serviços fronteiriços e logísticos, além de incentivar empreendimentos na região.
“É um projeto muito importante para o escoamento das nossas exportações. É o corredor de Capricórnio, que está quase concluído. E já estamos começando a falar em alfândega, porque isso servirá para transportar, da mesma forma que outros corredores, nossas exportações do Centro-Oeste, de commodities, para a China, com uma economia significativa. Sem falar no desenvolvimento do próprio corredor. Ou seja, quando tem estrada, tem posto de gasolina, restaurante, então você cria um movimento na própria estrada”, disse a embaixadora Gisela Padovan.
Com o corredor rodoviário, os portos do Chile se tornarão importantes pontos de escoamento da produção do Centro-Oeste brasileiro. A perspectiva é de queda significativa nos custos logísticos.
Com a criação da rota, os produtos hoje exportados para a China ou outros mercados asiáticos via Santos (SP) poderão ter o tempo de viagem reduzido em até três semanas.
Relação comercial Brasil-Chile
O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. A relação comercial Brasil-Chile vale US$ 12 bilhões por ano.
O Chile é o sexto maior destino de exportação do Brasil.
Petróleo, automóveis e carne são os principais produtos fornecidos ao mercado chileno. O Brasil importa principalmente cobre, pescado e minério do país andino.
Padovan avalia que a relação comercial entre os dois países está consolidada, mas há espaço para diversificação.
“Basicamente exportamos petróleo, automóveis e carne, e importamos cobre, peixe e minérios. Portanto, há espaço para diversificar. Uma boa notícia foi a recente conclusão da discussão sobre as regras de origem do Acordo de Livre Comércio, que permitirá exatamente um aumento nas exportações de automóveis relevantes para o lado brasileiro”, afirmou o embaixador.
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