O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve os juros inalterados no patamar de 10,5% ao ano, conforme decisão publicada nesta quarta-feira (31).
A decisão foi unânime entre os nove membros do colegiado.
Foi a segunda reunião seguida do congelamento da Selic desde maio deste ano, quando a taxa passou de 10,75% para o patamar atual, em meio à crescente desconfiança do mercado com o compromisso fiscal do governo federal, refletida na desvalorização da taxa de câmbio e na piora expectativas para a inflação.
O BC justificou a decisão de manter os juros diante das incertezas do cenário global e da resiliência das atividades domésticas. O colegiado também menciona que “as projeções de inflação elevada e as expectativas não ancoradas exigem um monitoramento diligente e cautela ainda maior”.
O comunicado da decisão mais uma vez deixou de lado o guidance, ou seja, indícios de movimentação da taxa nas próximas reuniões.
Segundo o BC, “a política monetária deve permanecer contracionista por tempo suficiente em um nível que consolide não apenas o processo de desinflação, mas também a ancoragem das expectativas em torno da meta”.
As projeções de inflação subiram para 4,2% em 2024 e 3,6% em 2024.
O BC voltou a afirmar que permanecerá “vigilante” e que “eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso com a convergência da inflação à meta”.
O painel também voltou a citar “serenidade e moderação” na gestão das taxas de juros, apontando que o processo de perda de força da inflação “tende a ser mais lento”.
Risco Fiscal
O Copom também voltou a mencionar o acompanhamento da política fiscal. Segundo o comunicado, a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, juntamente com outros fatores, impactou os preços dos ativos e as expectativas dos agentes.”
“O Comitê reafirma que uma política fiscal confiável e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco sobre os ativos financeiros, impactando, consequentemente, a política monetária.”
Decisão já era esperada
A decisão já era esperada por analistas e reforça o fim do ciclo de queda dos juros iniciado pelo BC em agosto de 2023, quando a taxa básica estava em 13,75% ao ano.
Na véspera, o Executivo detalhou o congelamento de R$ 15 bilhões do Orçamento para 2024. Cerca de R$ 11,2 bilhões em gastos foram bloqueados e R$ 3,8 bilhões foram contingentes, conforme anunciado anteriormente pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Para alguns analistas, porém, o valor não é suficiente para atingir a meta fiscal.
As tentativas do governo de alcançar o equilíbrio através do aumento de impostos também causam medo no mercado. Em junho, o Tesouro anunciou uma medida provisória (MP) que altera os créditos do PIS/Cofins para compensar a isenção da folha de pagamento, medida que gerou grande oposição de parlamentares e de diversos setores da economia.
Diante da pressão, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) devolveu parte do texto ao governo.
A piora das expectativas refletiu-se principalmente na taxa de câmbio. Desde a última reunião do Copom, em 19 de junho, o dólar valorizou mais de 4% frente ao real, passando de R$ 5,44 para R$ 5,65 no fechamento desta quarta-feira.
Desde o início do ano, a moeda norte-americana valorizou mais de 15% em relação à moeda brasileira.
Mercado não prevê novos cortes
A decisão vai ao encontro da visão do mercado, que não vê mais cortes na Selic este ano. Até abril, o Boletim Focus indicava que a Selic poderia encerrar 2024 em um dígito, em 9%. No entanto, as expectativas estão agora congeladas em 10,5%.
A piora das expectativas fiscais levou a sucessivos aumentos nas previsões de inflação. Na edição desta semana, dados compilados pelo BC indicaram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará 2024 na faixa de 4,10%.
Para 2025, a previsão é agora de um aumento de 3,96%, face aos 3,9% do documento anterior.
O centro da meta oficial de inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O resultado vem após a divulgação dos dados do IPCA-15 de julho, na semana passada. O indicador, apesar de ter desacelerado em relação ao mês anterior, subiu mais que o esperado mensalmente, 0,30%, com a taxa acumulada em 12 meses se aproximando do teto da meta de inflação em 4,45%.
Compartilhar:
taxa de juros para empréstimo consignado
empréstimo para aposentado sem margem
como fazer empréstimo consignado pelo inss
emprestimos sem margem
taxa de juros empréstimo consignado
consiga empréstimo
refinanciamento emprestimo consignado
simulador empréstimo caixa
valores de emprestimos consignados
empréstimo para funcionários públicos
valores de empréstimo consignado