O setor de hidrogênio verde espera ter superávit de 75 bilhões até 2030, segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV).
No início de julho, a Câmara dos Deputados aprovou o regime jurídico do hidrogénio, que, além de regular a produção do setor, prevê incentivos fiscais, com o objetivo de promover investimentos na área.
O Brasil é um dos países mais promissores na produção de hidrogênio verde, pois o hidrogênio com baixas emissões de carbono deve necessariamente ser produzido a partir de fonte renovável. A matriz energética do Brasil é 85% limpa.
Algo que afastou potenciais investidores estrangeiros, no entanto, foi a falta de regulamentação. Os interessados em investir dinheiro no setor preferiram países como Chile ou Marrocos, onde já existia regulamentação.
Os principais interessados são os europeus. Isto porque a Europa – especialmente a Alemanha – procura libertar-se da dependência do gás natural da Rússia, sem causar danos ao ambiente, o que exclui a possibilidade de queima de carvão e coloca o Brasil numa posição estratégica.
Em entrevista com CNNFernanda Delgado, diretora executiva da ABIHV, afirmou que o marco regulatório já atua positivamente ao atrair investidores para o Brasil e proporcionar segurança jurídica às empresas.
“Quando você não tem o aspecto jurídico organizado, isso traz insegurança jurídica e regulatória. É um marco histórico. Isso deixa o investidor com mais suporte jurídico.”
Para o diretor, há espaço para melhorias na regulação, mas o mais importante, que foi dar suporte jurídico aos investidores, já foi feito.
“Sempre temos que começar. O melhor é inimigo do bom. Para iniciar uma indústria, baseada num ajustamento das fronteiras de carbono na Europa em 2026, temos de colocar estas fábricas em funcionamento em 2026 ou 2027.”
“A tomada de decisão de investimentos agora ocorre em 2024 e 2025. Se demorar muito para tomar essa decisão, esses investimentos não viriam para o Brasil, mas sim para outros países.”
Além da exportação, o hidrogênio verde pode ser utilizado de diversas formas no mercado interno brasileiro. Entre eles estão:
- Agroindústria: O hidrogênio verde pode ser utilizado na produção de fertilizantes ecológicos e na operação de equipamentos agrícolas, contribuindo para práticas mais sustentáveis.
- Mineração: A indústria mineira está a adoptar o hidrogénio verde como alternativa para reduzir as emissões de carbono dos veículos e equipamentos pesados, melhorando a sustentabilidade das operações.
- Transportes: As células de combustível de hidrogénio estão a ser implementadas em veículos comerciais, incluindo autocarros, camiões e comboios, para reduzir as emissões de carbono e melhorar a qualidade do ar nas áreas urbanas.
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