O setor de pneus pede ao governo Lula que aumente o imposto de importação do produto de 16% para 35%, a fim de conter a “invasão” de mercadorias da China e de outros países asiáticos no mercado brasileiro. A solicitação é da Associação Nacional da Indústria de Pneus (Anip), apoiada pela Federação Nacional da Borracha (Fenabor).
A possibilidade está em análise técnica na Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Segundo a Anib, dados da Receita Federal (RFB) indicam que 50% dos pneus importados da Ásia entram no país com preços inferiores aos da matéria-prima utilizada no produto. Além disso, afirma que absolutamente todas as importações estão abaixo do custo da produção industrial.
No período de 2017 a 2023, enquanto as vendas de pneus na indústria nacional, para passageiros e cargas, caíram 18%, as importações aumentaram 117%. Se forem considerados os primeiros cinco meses de 2024 e 2017, a queda nas vendas nacionais é de 19%, e o aumento nas importações é de 229%.
Ao pedir medidas, o setor indica que nos últimos dois anos os Estados Unidos, a Europa e o México utilizaram barreiras alfandegárias para proteger os seus mercados contra os pneus asiáticos. “Como o Brasil está desprotegido, o país se tornou alvo de dumping para os importadores”, indica.
Uma série de setores, como siderúrgico e automobilístico, têm reclamado da “invasão” chinesa no país. No caso destes dois exemplos, o governo brasileiro aumentou as tarifas de importação para proteger os mercados — e posteriormente viu as indústrias anunciarem investimentos no país.
A decisão do governo de aumentar gradualmente as tarifas de importação, atualmente de 25%, para 35% até 2026, não é vista como suficiente pelas montadoras. As indústrias pedem ao Mdic um aumento imediato para 35%.
Indústria de pneus pede ajuda
Além da produção, a indústria de pneus indica que a “invasão” chinesa ameaça empregos no setor, que conta atualmente com 32 mil trabalhadores diretos e 500 mil indiretos. Dos colaboradores diretos, segundo a Anib, 2,5 mil funcionários estão suspensos ou têm a jornada de trabalho reduzida (lay-off) neste cenário.
“A entrada indiscriminada de pneus importados está afetando gravemente a indústria instalada no país”, afirmam as entidades em nota conjunta.
Ainda segundo dados dos setores, a entrada de produtos asiáticos é prejudicial ao meio ambiente. Isso porque os fabricantes nacionais estão sujeitos a metas de coleta de pneus inservíveis (feitos de borracha ou petróleo, que não são biodegradáveis e necessitam de tratamento adequado).
Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) mostram que os fabricantes nacionais têm um saldo acumulado de 127 mil toneladas de pneus coletados para reciclagem. Os importadores, por sua vez, têm um passivo ambiental de 419 mil toneladas de pneus não recolhidos.
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