O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, provavelmente esperava o apoio incondicional do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação às eleições do país, segundo a professora Flavia Loss, coordenadora do curso de pós-graduação em Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
Em entrevista com CNN 360°, Loss afirmou que tanto o governo brasileiro quanto o colombiano estão adotando uma postura cautelosa, evitando pressionar ainda mais o governo Maduro neste momento. O especialista acredita que os países da região aguardarão os resultados das eleições e depois exigirão o cumprimento do acordo de Barbados, se necessário.
Segundo Loss, os acordos de Barbados, frequentemente mencionados nas discussões sobre a situação venezuelana, já tiveram alguns de seus pontos desrespeitados por Maduro, como a questão da delegação da União Europeia. No entanto, as diplomacias regionais permaneceram cautelosas nas suas declarações, com mensagens transmitidas diretamente pelos presidentes.
O presidente Lula e o presidente colombiano Gustavo Petro já fizeram declarações estabelecendo limites para Maduro, indicando que não concordam com todas as suas ações. Esta postura gerou algum ressentimento por parte do líder venezuelano, que continua a fazer declarações ambíguas. “Maduro provavelmente esperava mais apoio, apoio incondicional, que não viria de qualquer maneira”, disse ele.
Preocupações com violência e refugiados
O professor Loss destacou a preocupação, especialmente do presidente Gustavo Petro, com a possibilidade de uma onda de violência entre apoiadores de diferentes facções políticas na Venezuela. “Mesmo que o chavismo esteja encurralado, temos pessoas lá que estão dispostas a fazer qualquer coisa para defendê-lo”, disse ela.
A situação dos refugiados venezuelanos também foi mencionada como ponto de atenção dos Estados Unidos. Loss destacou que os venezuelanos já ultrapassaram os mexicanos no número de pessoas que tentam cruzar a fronteira americana, tornando esta uma questão delicada para a política externa dos EUA. “Eu acredito que eles [os EUA] acompanharemos de perto esse cenário de incerteza pós-eleitoral”, afirmou.
Com o último dia oficial de campanha a decorrer hoje, e as eleições marcadas para domingo, mantém-se a incerteza sobre o cenário pós-eleitoral. A possibilidade de violência nas ruas após o anúncio dos resultados é uma preocupação real, independentemente de quem sair vitorioso nas urnas.
(Publicação de Raphael Bueno, da CNN Brasil)
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