O ciclo de alívio monetário foi interrompido e, desde que o Banco Central decidiu manter a taxa Selic na reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom), as projeções econômicas do mercado para o segundo semestre de 2024 foram revisadas. No Santander Brasil (SANB11) não foi diferente. Até recentemente, a instituição financeira previa que as taxas básicas de juros da economia terminariam o ano próximas dos 9%. Agora, projeta taxa de 10,5%.
“Houve uma mudança material na forma como vemos o desenvolvimento da macroeconomia no segundo semestre do ano. Isso não significa que não acreditamos na agenda fiscal do governo, deixando-a clara”, disse Mario Leão, CEO do banco, durante a apresentação dos números do Santander do segundo trimestre de 2024 aos jornalistas.
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A manutenção das taxas elevadas, porém, não ameniza a situação das grandes empresas que contratam empréstimos com juros atrelados ao CDI – que tem a Selic como referência. “O fato de o CDI [Certificado de Depósito Interbancário) não estar caindo, não ajuda”, diz o executivo.
Leão avalia que as médias e grandes empresas ainda pagam um nível de juros “mais alto do que caberia em seus fluxos de caixa”.
“A economia está melhorando, mas, para alguns setores, não chegou ao nível de recuperação de geração de caixa compatível com o custo dessa dívida”, reconhece.
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Recentemente, o Santander foi um dos bancos que emprestou dinheiro ao Grupo Madero, de Junior Durski. Na operação, a rede de restaurantes arrecadou R$ 500 milhões para substituir a parte mais cara de sua dívida por uma mais barata. A dívida bruta de Madero ultrapassou R$ 1 bilhão.
Questionado por InfoMoney se o banco se sentiu mais confiante na concessão de crédito a empresas mais alavancadas, Mário Leão respondeu que a análise é estrutural, “nome por nome, setor por setor”.
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“Você não pode generalizar. Nosso papel primordial, seja para uma empresa de pequeno, médio ou grande porte, é estar próximo, entender seu modelo de negócio e apoiá-lo – para crescer ou administrar momentos mais difíceis de alavancagem”, afirma o CEO.
“Nosso papel não é virar as costas e desaparecer do cliente quando ele precisa. O que também não significa que vamos dar crédito ilimitado”, acrescenta.
Concentre-se no pequeno
No segmento de empresas que faturam até R$ 4 milhões, o Santander Brasil quer dobrar o volume de negócios “de forma não linear”, em prazo ainda não definido. Para isso, o banco reformulou o modelo de atendimento, com especialistas trabalhando no endereço do próprio empresário.
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“Aumentamos em 25% o número de especialistas e eles estão organizados em microrregiões num raio de abrangência de alguns quilômetros. Isso é importante porque, muitas vezes com uma caminhada, ele consegue fazer muito mais visitas e um melhor gerenciamento de riscos”, afirma Leão.
O CEO destacou que há também uma transformação tecnológica em curso no segmento de pessoas jurídicas. “Melhoramos exponencialmente as jornadas digitais dos clientes corporativos, seja para contratação de crédito ou serviços, seja evoluindo na automação e digitalização de documentos.” Leão revela que 94% das pequenas empresas clientes do Santander Brasil são digitais.
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