A duas horas de avião de Oslo, a pequena cidade norueguesa de Alto revela-nos uma natureza poderosa e cheia de contrastes. Localizada no extremo norte do país, a aproximadamente 400 quilômetros acima do Círculo Polar Árticoé conhecida como “a cidade das Luzes do Norte”, pois o fenômeno ocorre aqui durante o inverno, quando as noites polares deixam os dias completamente escuros.
As atividades em torno do fenômeno nesta época são o destaque da viagem, que vão desde um “safári” em busca da aurora boreal entre fiordes até um passeio de trenó puxado por cães enquanto as luzes dançam no céu.
Portanto, não é surpresa que a cidade tenha até uma catedral dedicada a ela. Eu me refiro a Catedral da Aurora Boreal (Catedral das Luzes do Norte, em inglês), que possui um formato que imita o comportamento das luzes do fenômeno.
Cartão postal da cidade, a catedral foi um dos pontos que visitei na minha viagem pela Escandinávia para a 7ª temporada da CNN Viagem & Gastronomia. A parada em Alta aconteceu depois da minha estadia em Tromsø, porta de entrada para o Ártico.
A Catedral da Aurora Boreal
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Aurora Boreal ilumina a cidade de Alta, destacando a Catedral de Alta
Crédito: Divulgação/Visite Noruega -
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Com design arrojado, o interior da catedral traz a figura de Jesus Cristo de 3,5 toneladas olhando para cima
Crédito: Divulgação/Visite Noruega -
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Catedral foi consagrada em 2013 e faz parte da vida social e cultural da cidade
Crédito: Divulgação/Visite Noruega
Consagrada em 2013, a catedral fica no final de uma rua no centro da Alta. Não é apenas um espaço religioso e digno de fotografia, mas também acolhe concertos e cerimónias ao longo do ano, fazendo parte da vida cultural da cidade.
“Todos em Alta têm orgulho da igreja. Não importa se você é cristão ou não”, diz ele Pal Hausgnesguia da catedral.
Diz que Alta é uma cidade de construtores e que a catedral tem uma arquitetura tecnicamente difícil de construir, com as suas linhas sinuosas e arrojadas. “Agora é um monumento que mostra o que podemos fazer em Alta”, diz ele.
Com 350 lugares, o interior do local merece uma visita. Se você tiver sorte, nos dias em que o fenômeno aparece logo acima da cidade, é possível ver as luzes no céu de dentro da própria catedral. Aqui também chama a atenção uma figura de Jesus Cristo que, contrariando o padrão, olha para cima.
“A figura de Jesus Cristo tem 3,5 toneladas de bronze italiano. Quando a igreja foi inaugurada, há 10 anos, foi a primeira na Noruega em que Jesus, no altar, olha para cima. Isso leva a uma interpretação muito mais otimista”, afirma Pal.
Patrimônio da UNESCO e hotel de gelo
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A Igreja da Alta é o edifício mais antigo da cidade, datado de 1858
Crédito: CNN Viagens e Gastronomia -
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As artes rupestres nas trilhas do Museu Alta são Patrimônios da UNESCO e têm até 7.000 anos
Crédito: Divulgação/Visite Noruega -
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Detalhes da sala de gelo dentro do Sorrisniva Igloo Hotel
Crédito: Divulgação/Visite Noruega
Com uma população que se aproxima dos 20 mil habitantes, a Alta nos reserva outras descobertas. Situada a 70º norte, fica na intersecção entre o fiorde e o planalto e, desde a Idade da Pedra, é ponto de encontro de vários grupos indígenas.
Aqui uma coisa é certa: a natureza está no controle de tudo. Os contrastes são poderosos, pois as variações de cada estação mudam completamente a aparência local. O verão brilha com sol da meia Noiteque nunca se põe, e o inverno nos oferece a escuridão total da noites polares.
A cerca de seis horas de carro de Tromsø, Alta é o lar de arte rupestre que é Património da UNESCO. Eles podem ser vistos de perto em trilhas ao redor do Museu Alta, que reúne mais de 3 mil pinturas rupestres que datam de até 7 mil anos. Segundo o museu, esta é a maior concentração de arte rupestre de caçadores e coletores no norte da Europa.
Vale destacar que o museu também abriga curiosidades sobre a aurora boreal, a pesca do salmão e o patrimônio cultural dos povos originários. As trilhas de arte rupestre só ficam abertas nos meses sem neve e os ingressos custam NOK 150 (cerca de R$ 77) para adultos no verão.
Falando em trilhas, a Alta é atravessada por uma longa trilha chamada Byløypa, que totaliza 20 quilômetros e atravessa a cidade de leste a oeste. No Verão é popular para caminhadas e ciclismo, enquanto no Inverno serve como pista de esqui.
De volta ao centro, outro monumento é o Igreja Altao edifício mais antigo daqui, datado de 1858. Foi bastante danificado durante a Segunda Guerra Mundial, mas foi remodelado posteriormente, chamando a atenção pela sua construção neogótica em madeira branca.
Outra atração, que só ocorre no inverno, diz respeito à hotel de gelo mais ao norte do mundo. Todos os anos, entre dezembro e abril, o Sorrisniva Iglu Hotel abre suas portas a 20 quilômetros do centro de Alta com cerca de 30 salas feitas com 250 toneladas de gelo e 7.000 m³ de neve. O local conta ainda com bar de gelo, galeria de gelo e capela de gelo, todos abertos também para não hóspedes. Caso queira a experiência completa, os quartos podem ser reservados a partir de NOK 3.500, aproximadamente R$ 1.795.
A cultura Sami
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“Lavuu” é uma típica cabana Sami que pode ser encontrada em Sami Siida, um acampamento nos arredores de Alta
Crédito: CNN Viagens e Gastronomia -
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O interior da cabine tem peles de rena e fogueira
Crédito: CNN Viagens e Gastronomia
Na periferia da cidade fica o Sami Siida, acampamento que guarda informações e tradições do povo originário da região, os Sami. Também chamados de lapões, fazem parte do povo nativo da Lapôniaque abrange o norte da Escandinávia e partes dos territórios da Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia.
No acampamento podemos ter um gostinho de como era e ainda é a vida tradicional Sami, tudo feito ao lado de membros da comunidade com grande respeito pela cultura local. Imagine viver numa cabana no inverno a -35ºC? Aqui podemos ter uma ideia de como isso é possível.
Objetos típicos e cabanas, chamados de “lavu”, estão espalhados pelo terreno e um guia conta-nos histórias e curiosidades. Os “lavuu” são as casas temporárias dos Sami quando estão nas montanhas, com uma fogueira no centro — que serve para preparar comida e ao mesmo tempo aquecer o corpo. Por serem nômades, suas casas são demolidas e levadas consigo.
Aqui também aprendemos que existem indivíduos Sami vivendo assim hoje, mas mais integrados à contemporaneidade. Uma indicação é que eles não transportam mais materiais nas costas de renas, por exemplo, pois agora possuem motos de neve e quadriciclos.
Por fim, a sede do acampamento conta com um restaurante que serve Comidas típicascomo a carne de rena, chamada Finnbiffou um caldo com cenoura, batata e carne de rena cozida, chamado Biđus. As atividades e refeições são tudo pago separadamente.
Raio X alto
- Cadê: no condado de Finnmark, no extremo norte da Noruega;
- Como chegar: o aeroporto fica a 10 minutos do centro e recebe voos de Oslo (2 horas) e Tromsø (30 minutos) de domingo a sexta; em dezembro de 2024 haverá ligação direta com Frankfurt. É possível dirigir em 6 horas de Tromsø; Também existem conexões de ônibus entre as duas cidades.
- Onde se hospedar: Hotéis 4 estrelas no centro e pousadas nas redondezas estão disponíveis a partir de NOK 990 (R$ 500).
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