Uma das missões que Magda Chambriard recebeu ao ser nomeada para comandar a Petrobras foi reduzir a dependência externa do país em fertilizantes. Com um agronegócio forte, o Brasil é o quarto maior consumidor e líder na importação desses insumos — ou seja, ninguém supera na hora de comprar fertilizantes.
Segundo dados da Associação Nacional de Difusão de Fertilizantes (Anda), em 2023 o Brasil importou 86% do seu consumo interno. Foram adquiridas 39,4 milhões de toneladas de fertilizantes de outros países, ante uma produção nacional de 6,8 milhões (das quais uma pequena parcela é exportada).
Na avaliação do governo Magda e do próprio governo Lula, esse cenário deixa o país vulnerável a choques externos. Um exemplo recente é a guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou os preços em todo o mundo e trouxe insegurança ao agronegócio brasileiro.
Um dos principais atos da empresa sob Magda foi sinalizar que pretende investir em gás natural – que é insumo para fertilizantes nitrogenados, como amônia e uréia – da Bolívia. Questionado por CNNA Petrobras detalhou as principais frentes em que a nova gestão atua para acelerar a produção de fertilizantes no país.
A empresa considera que sua primeira vitória nessa frente foi a aprovação do retorno das operações da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A (Ansa), no mês passado. A unidade localizada no Paraná está em hibernação desde 2020 e deve retomar as atividades no segundo semestre de 2025.
O foco da Petrobras agora é retomar a produção na Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III) em Três Lagoas (MS). A empresa avança no estudo de viabilidade técnica do projeto, que está em hibernação desde 2014. Iniciadas em 2011, as obras da fábrica estão 81% concluídas.
Enquanto a Ansa pode produzir 720 mil toneladas anuais de uréia e 475 mil toneladas de amônia, a UFN-III tem capacidade para 1,3 milhão de toneladas e 800 mil toneladas para os respectivos fertilizantes. Essa pesagem representa quase 50% da atual produção nacional de fertilizantes.
Para viabilizar as operações da Ansa e da UFN-III, a Petrobras está investindo na exploração de gás na Bolívia. Acontece que ambas as fábricas estão ligadas ao Gasbol, gasoduto que começa em Rio Grande, no país vizinho, se estende por 557 km até a fronteira e atravessa 136 municípios de cinco estados brasileiros.
A subsidiária vizinha da Petrobras já foi responsável por 60% da produção boliviana de gás natural e hoje opera 25% do total produzido no país. Na recente viagem, Chambriard anunciou que a empresa investirá R$ 40 milhões para perfurar um poço na área de San Telmo Norte em 2025, onde há alto potencial de gás natural.
A Petrobras ainda busca resolver pendências em ativos no Nordeste do país, das fábricas de fertilizantes de Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), arrendadas à Unigel. As partes assinaram contrato em 2023 que visava a retomada das operações da unidade, mas este foi rescindido em junho deste ano.
O encerramento ocorre após o contrato ser alvo de análises do Tribunal de Contas da União (TCU), que indicou que poderia trazer prejuízos à Petrobras. Em março, a Unigel interrompeu as operações nas unidades, alegando a alta do preço do gás.
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