A comunidade judaica da Argentina comemora nesta quinta-feira (18) o 30º aniversário de um ataque a bomba que matou 85 pessoas, e o presidente Javier Milei prometeu corrigir décadas de inação e inconsistências nas investigações sobre o ataque.
Em 1994, uma van cheia de bombas atingiu o centro comunitário judaico da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires, tornando-se o incidente mais mortal da história do país.
“Hoje escolhemos falar, não ficar calados”, disse Milei em discurso na noite de quarta-feira (17). “Estamos levantando a voz, não cruzando os braços. Escolhemos a vida, porque qualquer outra coisa transforma a morte num jogo.”
Em Abril, o principal tribunal criminal da Argentina culpou o Irão pelo ataque, dizendo que este foi levado a cabo por militantes do Hezbollah em resposta ao “projecto político e estratégico” do Irão.
Teerão negou envolvimento e recusou-se a entregar os suspeitos, e as investigações anteriores e os mandados de detenção da Interpol não levaram a lado nenhum.
Milei – um forte defensor da comunidade judaica e de Israel – disse na quarta-feira que iria propor um projeto de lei que permitiria que os suspeitos do ataque fossem julgados à revelia.
Afirmou também que o seu governo reforçará o sistema nacional de inteligência para evitar que ataques semelhantes voltem a ocorrer, bem como dedicará mais recursos à investigação do incidente da AMIA.
Os promotores argentinos acusaram autoridades iranianas e membros do grupo armado libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, de ordenar o atentado, bem como um ataque em 1992 à embaixada de Israel na Argentina, que matou 22 pessoas.
“Embora nunca cumpram uma pena, não serão capazes de escapar da condenação eterna de um tribunal que prova a sua culpa perante o mundo inteiro”, disse Milei.
O presidente classificou a decisão de Abril como um “grande passo” na procura de justiça no caso AMIA, mas disse que ainda há muito a fazer devido ao “encobrimento por parte do Estado terrorista do Irão”.
Na semana passada, Milei declarou o grupo militante islâmico Hamas, apoiado pelo Irão, uma organização terrorista pelo seu ataque a Israel em 7 de outubro.
Na quarta-feira, o presidente comparou o ataque a Israel ao atentado bombista de 1994 em Buenos Aires e apelou ao Hamas para libertar todos os reféns que tinha feito, incluindo oito argentinos.
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