A recente piora das expectativas de inflação no Brasil exige uma resposta rápida para evitar possíveis danos à economia posteriormente, o que significa uma mudança de rumo em direção a um novo aumento nas taxas básicas de juros do país. A visão foi defendida por Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital, em entrevista exclusiva ao InfoMoney na sexta-feira (12). “Quanto mais você espera [para elevar os juros], mais trabalho será necessário para corrigi-lo. Achamos que, com esse câmbio de R$ 5,45, o BC deveria preparar o mercado e o Governo para um possível aumento [da taxa Selic] em setembro”, alertou o executivo.
Segundo Guerra, as projeções do mercado para a inflação devem ficar acima de 4% neste ano e no próximo, o que obrigaria o BC a colocar em seu modelo uma expectativa de inflação de 3,60%, portanto acima da meta de inflação. 3%. “Nunca vimos na história um BC não se movimentar quando o modelo de inflação diverge mais de 50 pontos-base da meta”, completa.
Continua após a publicidade
Diante do cenário, algo que preocupa o executivo é “quando o quadro vai explodir”, porque, na sua visão, a âncora fiscal “não é viável”. Guerra também expressou preocupação com o impacto dos recentes discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o Banco Central.
Apesar de dizer que há desafios para a Bolsa no Brasil, o executivo avalia que “nunca foi tão barato” comprar ações em shoppings e que também há boas oportunidades em títulos mais vinculados a concessões públicas. Ao falar dos Estados Unidos, ele acredita que o cenário é mais “benigno” para os ativos de risco no exterior e vê chance de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) fazer dois cortes neste ano.
Confira os principais trechos da entrevista:
Continua após a publicidade
InfoMoney: Um estudo mostrou que grande parte da alta do dólar é resultado do ruído local. Quão importante é esse ruído na visão do Legacy?
Felipe Guerra: A questão é se é ruído ou sinal. Há muito sinal e muito ruído. Esses discursos e entrevistas de Lula geram volatilidade. Do lado da sinalização, temos toda essa questão do presidente em relação ao Banco Central. Ao dizer isso, ele antecipa preocupações com a transição. Você está trocando um Banco Central técnico por outro que será indicado pelo presidente que acha que tudo tem que ser diferente. Você questiona de certa forma a credibilidade do próximo mandato do BC. Isso cria a necessidade de o BC parecer mais técnico do que deveria, caso não tivesse o presidente falando. Essa postura cria um fardo para a próxima equipe do BC, que terá que se provar tecnicamente. Até que isso aconteça, você terá essa desconfiança.
Outro sinal é a questão do enquadramento. As medidas de indexação dos benefícios sociais ao salário mínimo e a proposta de aumento do piso da saúde e da educação inviabilizam o quadro. A questão não é se o quadro será respeitado ou não. A questão é quando a estrutura irá explodir. Para que seja viável, são necessárias medidas estruturais, desindexação das prestações sociais ao salário mínimo e revisão dos pisos da saúde e da educação. O quadro não permanece de pé.
Continua após a publicidade
“A questão não é se o quadro será respeitado ou não. A questão é quando a estrutura irá explodir. ”
Há um terceiro ponto que não depende tanto do Governo e que afeta o câmbio, que é a conta corrente. Fizemos uma revisão. Vimos uma piora. Os economistas estão revisando a conta corrente para mais negativa. Existem alguns fatores: há muita saída pelo canal Bitcoin e tem a questão das ‘blusas’. Possui canal de importação de compras feitas por pessoas em sites chineses. É uma conta que piorou muito. Outro fator que chama a atenção é a contratação de serviços de tecnologia pelas empresas para estarem na nuvem. As empresas têm que importar tecnologia do exterior, caso contrário ficam de fora. Há muita localidade na taxa de câmbio. Acho que a taxa de câmbio justa é aquela que está na tela. A questão é se ele tem um prémio demasiado ou pouco elevado pelos riscos que o país apresenta.
IM: E o que você acha?
Guerra: Acho que o prêmio é baixo. Poderia ser maior. Não achamos que haja muito prêmio para apostar na moeda. Acho que algo precisa ser feito em relação ao agravamento das expectativas. Se o mercado espera que a inflação fique em 4,10% este ano, isso significa que o modelo do BC deverá definir uma projeção de 3,60%, sendo a meta de 3%. O modelo do Banco Central estará muito longe da meta. Nunca vimos na história o Banco Central não se mover quando seu modelo de inflação diverge em mais de 50 pontos base [pontos-base] do gol. É muito provável que o BC tenha que preparar o mercado para o próximo ciclo de alta. Um país emergente como o Brasil não pode permitir-se ver as expectativas de inflação piorarem. Quanto mais você esperar, mais trabalho será necessário para consertar. Acreditamos que, à taxa de câmbio actual [sexta], de R$ 5,45, o BC deverá preparar o mercado e o Governo para um possível aumento em setembro. Além da piora nas expectativas de inflação, o crescimento do PIB surpreendeu para cima. As actuais taxas de juro não são restritivas e a economia está a acelerar.
Continua após a publicidade
Se fizer isso logo, o BC precisará de 150 bps [pontos-base] até o final do ano. Faz três aumentos na Selic de 50 bps [pontos-base], com o consenso do conselho. Dessa forma, você ancora expectativas e o novo BC assume com uma casa mais organizada.
IM: Como você está vendo o mercado de ações agora? Existe uma chance de que esse aumento continue?
Guerra: A Bolsa de Valores tem um grande desafio que é o nível das taxas de juros, o CDI. Gostamos de ver caso a caso. Houve um grande movimento de estrangeiros saindo e resgatando as indústrias de fundos de ações. Há muita coisa boa que acabou permanecendo em mínimos históricos, pior do que 2015, quando o país estava em recessão. Os múltiplos de alguns títulos estão muito comprimidos e justificam uma alocação, porque o parte de cima [potencial de alta] É grande dado o nível histórico.
Continua após a publicidade
“Um país emergente como o Brasil não pode se dar ao luxo de ver as expectativas de inflação piorarem. Quanto mais você esperar, mais trabalho será necessário para consertar. ”
IM: Onde existem oportunidades?
Guerra: Nunca foi tão barato comprar [ações] de shoppings. PARA TIRAR [taxa interna de retorno] de shoppings está bem abaixo do nível mais baixo observado em 2015. O prêmio sobre os juros reais é muito elevado. Parece um investimento muito atraente. É uma posição que parece ter menos risco neste momento, porque o preço está muito baixo. Os shopping centers estão experimentando um crescimento de receita. Ações de Serviços de utilidade pública [concessões públicas] eles também têm descontos, têm prêmios altos. Nunca foi tão barato comprar boas empresas Serviços de utilidade pública no brasil. Uma boa posição é estar comprado (apostando na alta) nessas empresas e tomado (quando acredita na alta) nos juros. A pessoa tem pouco a perder com títulos corporativos e taxas de juros, que não fecham (recuam). Eles vão abrir (aumentar). Gostamos do mercado de ações e do crédito e de menos juros e taxas de câmbio. Se o BC fizer a coisa certa, é melhor pagar juros. Se não o fizer, é melhor pegar (apostar na alta) o dólar.
IM: Como você está vendo o cenário internacional agora?
Guerra: Achamos que o cenário externo é mais benigno. A oferta de emprego voltou ao normal e o número de pessoas também melhorou. O mercado de trabalho está mais equilibrado e os dados económicos apontam para uma desaceleração em relação ao PIB [Produto Interno Bruto] potencial, além de a inflação do PCE (Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal) ter qualidade muito melhor. O número do seguro-desemprego nos EUA subiu para uma média móvel de 230 mil. Essa média significa a criação de empregos entre 150 mil e 200 mil por mês. Isto é tradicionalmente compatível com um PIB entre 2% e 2,5%. Não estamos vendo uma recessão. Temos um cenário benigno que permitirá ao banco central americano cortar duas vezes as taxas de juro.
IM: Mercado voltou a sonhar com três cortes. É um exagero?
Guerra: Eu acho que isso poderia acontecer. O mais importante é ter certeza de que as taxas de juros cairão a partir daqui. Se houver mais ou menos como estamos vendo, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) cortará duas vezes e no próximo ano cortará mais. Eu diria que há um corte de 150 pontos base nas taxas de juro que deverá ocorrer entre 2024 e 2025. As condições estão dadas. Se será um pouco mais ou um pouco menos, os dados dirão. É preciso olhar para os números da inflação, das vendas no varejo e do mercado de trabalho. Se o mercado de trabalho estiver mais fraco, o consumidor ficará mais fraco. Se desacelerar ainda mais, o Fed poderá cortar três. Se ficar no nível que estamos vendo, acho que vai cortar duas vezes e não vai ser sequencial.
“Gostamos do mercado de ações e do crédito e de menos juros e taxas de câmbio. Se o BC fizer a coisa certa, é melhor pagar juros. Se não o fizer, é melhor pegar (apostar na alta) do dólar.”
IM: O que esse cenário representa em termos de posições de interesse?
Guerra: É um contexto positivo para ativos de risco. Você aprecia o títulos (valores mobiliários) e a Bolsa de Valores. Se estivermos num ambiente onde as taxas de juro corporativas serão mais baixas, o múltiplo corporativo poderá ser mais elevado. Ter uma posição comprada na bolsa e investido [apostando na queda] nas taxas de juros simultaneamente é uma coisa boa para este ambiente de risco mais benigno. Preferimos o mercado de ações às taxas de juro, porque pensamos que não haverá recessão nos Estados Unidos. Acreditamos que continuarão a crescer perto do seu potencial e que isso fará com que as taxas de juro não fechem tanto. É um bom ambiente para transportar comércio e deve ser bom para emergentes. O setor externo está ajudando o Brasil e outros países emergentes.
IM: Por que os países emergentes não beneficiaram disto?
Guerra: Tivemos três eleições importantes na Índia, na África do Sul e no México. Todos tiveram um resultado mais à esquerda, que envolve um Estado que gasta mais. O mercado é super sensível a essa agenda fiscal. Os países emergentes, em geral, não conseguiram beneficiar deste cenário internacional devido aos resultados destas eleições. Já o Brasil se complicou com a questão fiscal e com o presidente [Lula] dando uma série de entrevistas. Poderíamos ter jogado muito, visto que os outros jogadores emergentes estavam com problemas, mas resolvemos “nossos próprios problemas” e fomos lá e nos afogamos em um copo d’água.
juros do consignado bb
noverde emprestimo
emprestimo consignado cai na hora
pictures of blue
blue pay
emprestimo loas
taxa consignado brb hoje
compara empréstimo
empréstimos no cartão de crédito
emprestimo consignado meu tudo
juros para empréstimo consignado
empréstimo brb simulador
empréstimo pan consignado
inss maciça