Políticos que foram monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), por meio da chamada “Abin paralela”, avaliam que os resultados da investigação da Polícia Federal (PF) que revelou casos de espionagem refletem comportamento ditatorial por parte do ex-presidente.
A lista dos espionados inclui ex-aliados de Bolsonaro, como a ex-deputada Joice Hasselmann, e o ex-prefeito de São Paulo João Doria, além de inimigos históricos, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, e os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Alessandro Vieira (MDB-SE).
Rodrigo Maia disse à CNN que a espionagem da Abin é criminosa e típica das “piores ditaduras”. Para ele, assusta imaginar que o então servidor Alexandre Ramagem – hoje deputado federal – comandasse o esquema. “Tomarei todas as medidas legais cabíveis contra ele e os demais envolvidos nas esferas cível e criminal”, disse.
Já Joice Hasselmann ele disse que não ficou surpreso com a revelação. “Sempre soube que era monitorado, porque isso fazia parte da mania de perseguição do governo. Meu monitoramento tornou-se tão absurdo que eu sempre via o mesmo carro estacionado na frente da minha casa e sentia necessidade de fechar as cortinas para que não vissem.”
O senador Randolfe Rodrigues afirmou que “Alexandre Ramagem agiu como um verdadeiro chefe da Gestapo”. “O que nos fica claro é que o deputado, lamentavelmente, tendo provado tudo no caso, agiu como um verdadeiro chefe da Gestapo do governo anterior”, disse.
A Gestapo foi a polícia secreta oficial da Alemanha nazista (1933-1945), trabalhando para reprimir e perseguir opositores e opositores ao regime de Adolf Hitler.
Pelas redes sociais, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) também comentou o caso e citou a Gestapo. “Como democrata, lamento e repudio que estruturas do Estado tenham sido capturadas criminalmente para funcionarem como polícia política, com métodos da Gestapo, um pântano nojento e sem fim. Continuo confiante nas instituições, na investigação, denúncia e acusação dos responsáveis”, afirmou.
Já Alessandro Vieira classificado citou que a ação é “típica de governos ditatoriais”.
“A operação da PF de hoje mostra que fui vítima de espionagem criminosa e de ataques online realizados por criminosos no poder no governo passado. Isto é típico de governos ditatoriais. O Brasil ainda está cheio de problemas, mas pelo menos estamos livres do risco de uma volta à ditadura”, afirmou.
O que diz Alexandre Ramagem
O ex-diretor-geral da Abin se pronunciou nas redes sociais sobre o caso na manhã desta sexta-feira (12).
“Acompanhando as informações da última operação da PF, fica claro que desconsideram os objetivos de uma investigação, apenas para transmitir conclusões e conjecturas superficiais à imprensa.
O sistema da primeira milha, que outras 30 instituições também adquiriram, parece ter sido deixado de lado.
A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa administração foi a única a realizar os controles necessários, demitindo funcionários e encaminhando possíveis desvios à corregedoria. A PF quer, mas não tem como vincular o uso da ferramenta pela direção geral da Abin.
Trazem uma lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem que monitorado, mas na realidade não. Eles não estão na primeira milha ou em qualquer interceptação. Estão em conversas de WhatsApp, informações de outras pessoas, impressões pessoais de outras pessoas investigadas, mas nunca em um relatório oficial contrário à legalidade.
Não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro. A reclamação foi resolvida exclusivamente em juízo.
A PGR não se mostrou favorável às prisões na operação, mas a Justiça desconsiderou a afirmação.
Há uma menção em áudio que apenas reforça a defesa do devido processo, do inquérito administrativo, medida prevista em lei para qualquer caso de improbidade funcional.
Finalmente houve indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar a devida instrução e desconstrução de toda e qualquer narrativa.
No Brasil, uma pré-campanha da nossa oposição nunca será fácil. Seguimos com o objetivo de mudar legitimamente a cidade do Rio de Janeiro para melhor.”
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