Uma análise feita pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, conhecida como Proteste, mostrou que duas fatias de pão fatiado de três marcas podem conter teor alcoólico suficiente para não passar no teste do bafômetro. Segundo a pesquisa, Visconti, Bauducco e Wickbold 5 zeros tiveram resultados de teor alcoólico que podem aparecer no teste.
Além destas, a análise avaliou as marcas Wickbold Gluten Free, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, Plusvita e Pullman. Apenas os dois últimos passaram em todos os testes de identificação do teor alcoólico. De acordo com a pesquisa, os níveis exceder a dose permitida de álcool para crianças. Veja os resultados no artigo publicado pela CNN.
Mas, afinal, por que existe álcool no pão? Segundo Henrique Lian, diretor executivo da Proteste, a fabricação do pão envolve a formação de álcool etílico, que geralmente evapora no forno. Os níveis encontrados na análise ocorrem porque as indústrias diluem conservantes na substância para evitar mofo e garantir a integridade do pão, argumenta a entidade.
Além disso, segundo Daniel Magnoni, nutricionista da Rede Hospitalar São Camilo, em São Paulo, isso também se deve à forma como os pães fatiados são produzidos. “Na produção do pão fatiado utiliza-se muita farinha, mas também muito fermento e, por vezes, substâncias relativamente semelhantes ao álcool, como fenóis ou sorbitol [um tipo de edulcorante artificial que tem sido amplamente utilizado como substituto do açúcar], e podem levar a algumas alterações no bafômetro. Mas para isso é necessária uma grande ingestão de pão”, afirma.
Porém, os pães não são os únicos alimentos que podem conter álcool em sua composição. A seguir, veja quais outros alimentos podem ter teor alcoólico e merecem atenção.
Bebidas fermentadas
De acordo com pesquisas australianas, bebidas fermentadas como kombuchá e kefir contêm álcool. Alguns produtos testados tinham teor alcoólico superior a 1,15%. No Brasil, são considerados produtos não alcoólicos aqueles com menos de 0,5% de álcool em volume.
Kombuchá é produzido a partir da infusão ou extrato da planta Camellia sinensis e açúcares. Uma cultura simbiótica de leveduras e bactérias chamada SCOBY (Cultura Simbiótica de Bactérias e Leveduras) é adicionada a ela para realizar a fermentação. O kefir é produzido a partir de leite ou água e grãos de kefir. Essas bebidas podem conter álcool residual do processo de fermentação utilizado em sua fabricação.
“Bebidas que usam muitos probióticos para fermentação podem conter algum tipo de álcool, mas não há risco em consumi-las”, diz Magnoni.
Banana madura e suco de fruta
Um estudar publicado em 2016 no Journal of Analytical Toxicology mostrou que bananas maduras podem conter uma concentração de álcool de 0,4%. Além disso, a mesma pesquisa mostrou que os sucos de maçã, uva e laranja também podem conter quantidades detectáveis de etanol, sendo os níveis mais elevados encontrados no suco de uva (0,86g/litro de etanol).
Esses sucos também podem ter seu teor alcoólico aumentando ao longo do tempo, segundo análise publicada no Nutrição Preventiva e Ciência Alimentarem 2018.
Vinagre
O vinagre pode conter diferentes graus de álcool em sua composição, mas em pequenas quantidades. Os vinagres balsâmico, de champanhe, de xerez e de vinho podem conter entre 0,1% e 0,4% de teor alcoólico. Porém, mesmo o vinagre de maçã e de uva pode conter álcool residual em sua composição.
Isso acontece devido ao processo de fermentação para sua fabricação. O vinagre passa por dois processos de fermentação: no primeiro, os carboidratos são oferecidos como alimento às células das leveduras, que transformam os açúcares em álcool e dióxido de carbono.
Em seguida, é exposto ao oxigênio e fermentado novamente, desta vez com a bactéria Acetobacter. A partir daí, o líquido se transforma em uma mistura de água e ácido acético.
Condimentos e molhos
Os aditivos alimentares e aromatizantes podem conter alta concentração de álcool, como o extrato de baunilha, que contém etanol em sua composição. A quantidade comumente utilizada nas receitas pode não fazer mal à saúde, mas seu excesso pode causar intoxicação alcoólica, segundo o Controle de Venenos.
O molho de soja também pode conter entre 1,5% e 2% de álcool por volume. Isso acontece porque o ingrediente é feito a partir de um processo de fermentação natural semelhante ao do vinho ou da cerveja: o amido é fermentado, transformando-se em etanol.
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