As investigações da Polícia Federal (PF) sobre um esquema ilegal de espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) chegou ao áudio de uma conversa entre o ex-presidente da República e Alexandre Ramagemque foi chefe da entidade e hoje é pré-candidato do PL a prefeito do Rio de Janeiro (RJ).
Segundo os investigadores, o áudio obtido pela PF – que ainda não foi divulgado – tem pouco mais de 1 hora de duração. Na conversa, segundo a polícia, Ramagem afirmou que tentava dar “ajuda” à família Bolsonaro, repassando ao então presidente informações sobre investigações relacionadas ao senador. Flávio Bolsonaro (PL-RJ)filho do ex-presidente.
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A conversa teria sido gravada pelo próprio Ramagem, sem o conhecimento de Bolsonaro.
De acordo com as investigações, Ramagem teria dito, no áudio, que “seria necessária a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da Receita Federal, com o objetivo de anular a investigação, bem como o afastamento de alguns auditores dos respectivos cargos ”.
A PF afirma ainda, no relatório da investigação, que Ramagem havia ordenado o acompanhamento de três auditores fiscais da Receita Federal.
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A ação clandestina foi classificada como “urgente” e seguiria o “modus operandi da organização criminosa para descobrir as ‘relações podres e políticas’ dos auditores”, aponta a PF.
Segundo a polícia, também há registros de conversas entre dois integrantes do grupo criminoso presos nesta quinta-feira (11) – Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues, que integravam o Centro Nacional de Inteligência (CIN) da Abin e eram auxiliares de Ramagem – em que discutiram pesquisas e monitoramento por parte dos auditores da Receita.
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As investigações foram realizadas em novembro de 2020, segundo a PF. Em dezembro do mesmo ano, o material recolhido pelos “arapongas” foi repassado à Ramagem.
O objetivo era ajudar Flávio, diz PF
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que na época era investigado por uma suposta “racha” em seu gabinete quando ocupava o cargo de vereador no Rio de Janeiro, seria o principal beneficiário da “ajuda” oferecida por Ramagem , segundo a PF.
O então chefe da Abin inicia o diálogo com Bolsonaro afirmando: “Na tentativa de ajudar, fiz algumas considerações sobre as acusações contra Flávio”.
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Em seguida, Ramagem avalia o andamento do caso e informa a Bolsonaro por quais crimes Flávio poderia ser acusado.
“Pelo que sai dos autos, na imprensa, parece que o MP já está dividindo as condutas em núcleos. Parece típico de uma frase já ajustada em primeira instância. Ele deve ser indiciado, no mínimo, por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro”, escreveu o diretor da Abin.
“Quanto à natureza das ‘rachadinhas’, há diferentes entendimentos, apontando para um possível enquadramento de peculato, corrupção, concussão, apenas improbidade (sem crime) ou nada (apenas conduta moral, sem pena)”, diz Ramagem ao então Presidente da República.
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“Não tenho acesso a registros ou estratégia de defesa. Essa é apenas uma forma de tentar ajudar com o conhecimento”, finaliza Ramagem.
“Sem relacionamento com Abin”, diz Flávio
Em mensagem publicada em sua conta oficial no Bolsonaro.
“Simplesmente não havia relacionamento entre mim e a Abin. Minha defesa atacou questões processuais, portanto, não adiantava nada para a Abin”, escreveu Flávio.
Ainda segundo o senador, “a divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, tem apenas o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem a prefeito do Rio de Janeiro”.
“Grupo especial de Lula na Polícia Federal é tão cego para inventar crimes contra Bolsonaro que ‘acusa’ a Receita Federal de abrir PAD [Processo Administrativo Disciplinar] contra funcionários que cometeram crime contra mim”, continuou Flávio.
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