Mais uma vez, a inflação de curto prazo surpreendeu para baixo, com o IPCA de junho permanecendo em 0,21% e abaixo das estimativas do mercado. Mas os economistas alertam que permanecem desafios de longo prazo para a economia, o que deverá manter as expectativas de inflação longe da meta almejada pelo Banco Central.
Ou seja, a expectativa é que a política monetária não sofra alterações, com a Selic permanecendo nos atuais 10,50% ao longo do ano.
Lucas Barbosa, economista do AZ Quest, por exemplo, reconhece que os dados de junho são positivos para a dinâmica da inflação, que vinha sendo preocupante nos últimos meses, com a incorporação de alguns choques.
Continua após a publicidade
Entre esses fatores, ele citou os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, a mudança na bandeira tarifária e o recente aumento nos preços da gasolina. “O filme da inflação ainda não é bonito, mas a foto de hoje traz algum alívio, ainda que momentâneo”, comenta.
Baixe uma lista de 10 ações Small Caps que, na opinião de especialistas, têm potencial de valorização nos próximos meses e anose assista a uma aula gratuita
Entre as surpresas de junho, ele destaca especialmente os preços dos alimentos, tanto no país como fora de casa, sendo que este último impacta diretamente a inflação nos serviços subjacentes. presente, especialmente em termos de comida.
Continua após a publicidade
Mesmo com essa notícia positiva, o AZ Quest mantém a projeção de IPCA de 4,4% para o ano, estimativa que foi revisada para cima recentemente, justamente pela incorporação dos choques citados.
“A inflação atual continua bem controlada, mas por si só não será suficiente para gerar alteração na chamada da Selic. Ainda mais porque a atividade está se mostrando muito resiliente, com números de emprego muito fortes no Brasil”, afirma.
Mesmo prevendo que a Selic permanecerá no nível atual, o economista do AZ coloca um viés de baixa caso os dados de atividade nos Estados Unidos enfraqueçam, possibilitando que as taxas de juros caiam lá. Mas alerta que também é preciso monitorar aspectos internos, como as expectativas de inflação não ancorada devido ao ruído fiscal.
Continua após a publicidade
André Valério, economista sênior do Inter, por sua vez, destaca em junho que o núcleo médio do IPCA desacelerou, de 0,39% em maio para 0,22%, embora tenha acelerado no acumulado de 12 meses, de 3,55% para 3,57%.
E cita que a inflação de serviços permaneceu estável, variando 0,04%, resultado influenciado pelo comportamento das passagens aéreas, que caíram 9,88%. “Ainda assim, descontando as passagens aéreas, a inflação dos serviços desacelerou de 0,31% em maio para 0,22% em junho, a mesma dinâmica observada na inflação subjacente dos serviços, que caiu por uma margem de 0,41% para 0,36%”.
Para ele, de forma geral, o resultado do IPCA foi bastante positivo tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo. “Devolveu todo o aumento de maio, que foi muito influenciado pelos acontecimentos catastróficos no Rio Grande do Sul”, explica.
Continua após a publicidade
Para os próximos meses, as perspectivas de Valério também são positivas. “Com a redução da incerteza local após a última reunião do Copom com decisão unânime, o resultado contribuirá para a devolução dos aumentos precificados na curva de juros, reduzindo o risco de uma possível retomada dos aumentos dos juros precificados pelo mercado” , afirma.
Ele acredita que isso ajudará a aliviar a pressão sobre a taxa de câmbio, ajudando a acomodar as expectativas de inflação. “Além disso, a perspectiva do início do ciclo de cortes nas taxas de juros nos EUA em setembro contribuirá para este cenário. Assim, vemos condições para que o Banco Central mantenha a Selic inalterada em 10,50% até o final do ano, com a eventual retomada do ciclo de cortes ocorrendo no primeiro trimestre de 2025.”
Taxa de câmbio e expectativas
Alexandre Maluf, economista da XP, é outro especialista que vê dinâmica melhor na inflação atual, mas com continuidade de riscos no médio prazo. “É claro que quando o IPCA fica abaixo do esperado é algo para se animar. É uma boa leitura, mas no geral não muda muito a mentalidade da política monetária”, pondera.
Continua após a publicidade
Ele destaca que outras questões pesarão nas decisões do Copom. “Ainda mais com as expectativas de inflação se afastando da meta mês após mês. O curto prazo permanece relativamente benigno, mas o médio prazo continua desafiador, dado o atual nível da taxa de câmbio e as expectativas de inflação”, citando as incertezas internas.
Sobre o resultado do mês, Maluf citou a surpresa com a alimentação em casa, que mostrou retorno ao forte aumento registrado em maio, acompanhando os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Ele acredita que existe a possibilidade de deflação alimentar em julho, o que poderia impedir que o IPCA fechado do ano se aproximasse de 4,5%, como já previam outras casas de análise.
No que diz respeito à inflação nos serviços e nos serviços subjacentes, a sua opinião é que houve um abrandamento, mas que o nível ainda é elevado e resiliente, quando se analisam leituras trimestrais anualizadas.
Para Leonardo Costa, economista da ASA, a surpresa no mês ocorreu principalmente no grupo alimentação no domicílio, com menor inflação nos insumos e menor efeito das enchentes no Rio Grande Sul. Também houve inflação mais baixa no grupo eletricidade e energia. em gás engarrafado.
Ele afirma que o saldo qualitativo foi mais benigno no IPCA de junho, com a inflação subjacente de serviços desacelerando para 4,4%, ante 5,0% em maio (quando observada a variação trimestral anualizada) e aumento menor que o esperado no núcleo de bens.
“O IPCA de 2024 continua projetado em 4,0%, com aumento dos preços dos combustíveis no curto prazo – efeito do aumento da Petrobras. Além disso, projetamos serviços subjacentes para operar em torno do limite máximo do regime alvo [4,5%] até o final de 2024 e aumento gradual do núcleo de bens industrializados”, estima.
Igor Cadilhac, economista do PicPay, por sua vez, destaca que elevou a projeção de 4,1% para 4,3% no IPCA fechado de 2024. “Essa revisão reflete o aumento dos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras nesta segunda-feira. Além disso, temos observado resiliência na inflação dos serviços devido a um hiato do produto mais reduzido e a aumentos salariais resultantes do baixo desemprego e da regra do salário mínimo”, explica.
“Ao mesmo tempo, a crescente desancoragem das expectativas, os riscos fiscais e a desvalorização cambial continuam no radar”, acrescenta Cadilhac.
Na visão de Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o aquecido mercado de trabalho deve continuar pressionando a inflação de serviços no Brasil. “Além disso, a queda nos preços das commodities, que impactou positivamente a inflação de alimentos e bens industriais no primeiro semestre, deve parar de ajudar no segundo semestre”, alerta.
A projeção do C6 Bank é que o IPCA chegue a 4,7% ao final de 2024.
Efeito do clima nos preços perde força
Rafael Costa, analista da equipe de macroestratégia da BGC Liquidez, observa que o resultado de hoje foi muito favorável e forneceu evidências suficientes de que os efeitos dos aumentos decorrentes da catástrofe climática no Rio Grande do Sul estão se dissipando, principalmente nos preços dos alimentos em casa.
“A baixa inflação dos alimentos fora de casa, um subgrupo dos serviços subjacentes, também foi uma boa notícia, pois mostra que não houve propagação relevante da forte subida dos preços dos alimentos em casa para os alimentos fora de casa”, explica.
“Por enquanto, não alteraremos significativamente as nossas projeções de inflação para os próximos meses. Esperamos inflação de 0,25% para julho, 0,14% para agosto e 0,15% para setembro”, afirma.
Para o IPCA de 2024, a projeção caiu de 4,30% para 4,22%, devido à surpresa baixista na divulgação de junho. “Continuamos projetando inflação de 3,80% para o IPCA em 2025.”
O Bradesco comenta em relatório que o resultado de junho reforça a dinâmica mais benigna para os preços no curto prazo, com o segundo mês consecutivo de surpresas baixistas e generalizadas. “Nos próximos meses, o núcleo da inflação deverá permanecer próximo de 3,5%, enquanto a inflação total deverá se aproximar de 4,10% até o final deste ano”, afirma o banco.
O Bradesco afirma ainda que, no próximo mês, os preços administrados ganharão relevância. “Por um lado, foi acionada a bandeira tarifária amarela de energia. Por outro lado, a Enel sofreu um ajuste negativo. Além disso, esta semana foram anunciados reajustes nos combustíveis. Todos esses movimentos deverão ter impacto concentrado em julho”, estima o banco.
“Para 2025, esperamos uma desaceleração para 3,4%, em resposta às taxas de juros em patamar restritivo e à valorização cambial que esperamos para o próximo ano.”
Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, em termos de política monetária, o resultado de hoje não altera a dinâmica observada nos últimos meses e continua representativo dos impactos defasados do aperto monetário no conjunto de bens e serviços que compõem a cesta de consumo das famílias brasileiras.
“Dados recentes reforçam a dinâmica inflacionária positiva, com alguns choques inflacionários específicos, que tendem a ser revertidos nos próximos meses, e com uma dinâmica benéfica sobre grupos que sejam efetivamente representativos da maturação da política monetária e do nível de demanda na economia . ”
emprestimos com desconto em folha
taxas de juros consignado
simulação de consignado
quero quero emprestimo
empréstimo pessoal brb
meu empréstimo
emprestimo para negativados curitiba
picpay logo
juros emprestimo aposentado
empréstimo bb telefone
auxílio brasil empréstimo consignado
simulador emprestimo aposentado
consignado auxílio brasil
onde fazer empréstimo