A inflação de junho desacelerou para 0,21% em junho, após subir 0,46% em maio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (10).
O resultado ficou abaixo do esperado pelo mercado, que previa alta de 0,32%, segundo a Reuters.
Apesar do resultado positivo, a recente alta do dólar, que atingiu R$ 5,70 na semana passada, e o reajuste da gasolina anunciado pela Petrobras na segunda-feira (8) devem pressionar novamente o índice no curto prazo, afirmam economistas ouvidos. para o CNN.
Surpresa positiva
Dados de junho mostram que a variação de preços foi puxada pelo segmento de alimentação e bebidas, com alta de 0,44%, além de saúde, que subiu 0,54% no mês.
Para Adriano Valladão, economista do Santander, o número de maio foi impactado para cima pelas chuvas no Rio Grande do Sul e outros efeitos climáticos. O estado do Rio Grande do Sul é um dos principais produtores de alimentos do país, especialmente arroz.
“Agora em junho vimos as primeiras acelerações alimentares. É uma notícia muito positiva, que ajudou a virar manchete do IPCA”, explica.
Dos nove principais grupos do IPCA, sete apresentaram alta em junho.
Por outro lado, transportes e comunicações foram os únicos que registaram queda, de 0,19% e 0,08%, respetivamente.
Valladão indica que o custo da passagem aérea pode ter contribuído para essa queda.
“A variação do item passagens aéreas, que havia subido quase 6% em maio e caído 10% em junho, é muito relevante também para a conta total do índice. Acho que esse é um dos principais fatores que contribuíram para um número mais fraco em relação ao mês anterior”, pontua.
Uma das explicações para a queda nos preços das passagens aéreas reflete uma base de comparação elevada, após os feriados de maio, como o Dia do Trabalho, no dia 1º de maio, e o Corpus Christi, no final do mês.
“Terminamos o ano passado com preços de passagens muito elevados, então este ano temos leituras um pouco mais fracas para passagens aéreas”, diz o economista do Santander.
IPCA de julho
Andre Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) destaca que a situação em julho pode apresentar tendência de alta após a recente alta do dólar, que atingiu R$ 5,70 na semana passada.
O projeto inclui também os recentes reajustes da gasolina e do gás de cozinha anunciados pela Petrobras nesta semana.
“Há desafios no radar. Temos uma grande desvalorização cambial, tivemos um aumento no preço da gasolina no início do mês que vai impactar a inflação de julho e vivemos um cenário de instabilidade com a agenda internacional doméstica”, afirma.
Valladão acredita que o próximo IPCA apresentará dados mais fracos no grupo alimentação no domicílio, podendo até vir com deflação, mas por outro lado “terá fatores autistas, passando a participar do impacto do reajuste da gasolina que vimos semana passada”, diz.
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