A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com apoio da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DESARME) do Rio de Janeiro, prendeu uma mulher e um homem na manhã desta quarta-feira (10). A mulher é identificada como líder do tráfico de drogas no Condomínio Princesa Isabel, conhecido como Carandiru, no bairro Azenha, em Porto Alegre.
Além do envolvimento no tráfico, a quadrilha foi presa após expedir mandados de prisão preventiva relacionados à investigação de vazamento de dados sigilosos do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS).
Segundo a Polícia Civil, durante a operação, batizada de “Successão”, ficou comprovado que um ex-estagiário da Justiça vendeu as informações para a quadrilha, que as utilizou com o objetivo de frustrar ações policiais.
Os prisioneiros
Os presos na manhã desta quarta-feira (10) são uma mulher de 50 anos, mais conhecida como Tina, e um homem de 25 anos, conhecido como Modinha. Eles moravam juntos e estavam localizados no Rio de Janeiro.
Segundo investigações da Polícia Civil, até 2015 o tráfico de drogas no condomínio era chefiado por Alexandre Goular Madeira, conhecido como Xandi.
Em janeiro de 2015, foi assassinado na cidade de Tramandaí (RS), com tiros de fuzil. Após sua morte, o sucessor no tráfico foi Renato Fao Gambini, apontado como um dos fundadores da organização criminosa do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul.
Em novembro de 2022, aos 52 anos, Gambini morreu em sua cela na Penitenciária Estadual de Canoas (PECAN). Com sua morte, a esposa de Gambini – Tina – assumiu o comando da facção criminosa.
Durante a gestão, ela nomeou parentes para diversos cargos na operação. Entre eles, o filho, conhecido como Bokinha e o genro, Modinha.
Em 2023, investigações da Polícia Civil sobre o vazamento de dados sigilosos do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) apontavam para a quadrilha.
Uma operação foi deflagrada em 14 de novembro de 2023 pelo 19º DP, prendendo os envolvidos com exceção de Tina, que conseguiu fugir para o Rio de Janeiro, sendo procurada desde então.
O acusado, chamado de “Modinha”, havia sido preso em novembro de 2023 no Aeroporto de Viracopos, quando viajava para o exterior. Alguns meses depois, ele foi solto. O Ministério Público recorreu da decisão e novo mandado foi expedido em junho de 2024.
No dia 19 de maio de 2024, um fato novo chamou a atenção da Polícia Civil. Dois ônibus foram incendiados em frente ao Condomínio Princesa Isabel como forma de protesto pela morte de um morador.
O caso, mesmo não tendo sido comprovada a participação de Tina, causou preocupação entre os policiais para manter a ordem na região, já que ações criminosas em comunidades carentes só são realizadas com a aprovação das lideranças.
Investigação e prisão
O Departamento de Capturas da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (DECAP) iniciou investigações para localizar Tina há pelo menos seis meses. A polícia teve informações de que ela levava uma vida luxuosa no Rio de Janeiro, morando em uma casa de alto padrão, com piscina, suíte com jacuzzi e salão de jogos.
No momento da prisão, a casa estava cercada por policiais gaúchos e cariocas. Sem possibilidade de reagir ou fugir, Tina acabou se entregando à polícia. Tina e Modinha foram apresentadas à Justiça do Rio de Janeiro e serão removidas para o Rio Grande do Sul, onde ficarão à disposição da Justiça.
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