A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou oito suspeitos por envolvimento em massacre durante festa de aniversário de criança em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. A conclusão da investigação foi anunciada em entrevista coletiva nesta terça-feira (9).
Entre os mortos estavam duas crianças, uma de 9 anos — que era a aniversariante — e outra de 11 anos, e o pai da aniversariante, de 26 anos. Outras seis pessoas, com idades entre 13 e 45 anos, conseguiram sobreviver ao ataque. O caso aconteceu na noite de 23 de maio.
Durante a coletiva de imprensa, o delegado Marcus Rios, da Delegacia Especializada em Homicídios de Ribeirão das Neves, explicou que o principal alvo da ação foi o homem de 26 anos. Segundo a polícia, o menino estava envolvido com tráfico de drogas na região de Morro Alto, em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte.
“Os suspeitos chegaram ao final da festa, em duas viaturas, munidos de armas capazes de disparar em modo rajada, conforme confirmado por testemunhas”, disse o delegado ao falar sobre a dinâmica do crime. “Embora o alvo principal fosse o homem de 26 anos, a execução de outras pessoas sem ligações ao crime, incluindo crianças, não foi um mero erro de execução. A hipótese é que tenha sido um massacre seletivo”, explicou Rios.
A investigação da Polícia Civil aponta a participação de pelo menos dois atiradores no massacre. Segundo o delegado, as mães das crianças reagiram para proteger os filhos. “Algumas das vítimas sobreviventes, como as mães das crianças, reagiram para protegê-las e atingiram o atirador mais próximo com cabos de vassoura e socos. Porém, um segundo suspeito percebeu essa reação e atirou na direção deles. Os tiros, porém, não os atingiram”, afirmou.
A investigação policial mostrou que o crime foi planejado em dois grupos, sendo um deles de Morro Alto e outro expulso da região. “Há alguns anos, a vítima desentendeu-se com estes indivíduos; Houve atritos entre os três, com ameaças e tentativas de homicídio”, disse Rios ao narrar o conflito que já existia entre o homem e os responsáveis.
“Recentemente, as lideranças de Morro Alto iniciaram uma parceria com o exilado. O plano seria trazer o traficante exilado de volta para Morro Alto, colocando-o como responsável pelo ponto de tráfico da vítima”, relatou o delegado.
Para o delegado, esse histórico de tensão, aliado às provas colhidas durante a investigação, reforça a hipótese de que a brutalidade fazia parte do plano e enviaria uma mensagem a outros envolvidos no crime na região. “Obtivemos inclusive tanto evidências subjetivas dessa hipótese, por meio de testemunhas, quanto provas periciais, como a análise das fontes dos disparos”, acrescentou Rios.
No total, a investigação de mais de 400 páginas indiciou — com base na respetiva participação no massacre — sete homens e uma mulher, com idades entre os 23 e os 45 anos. O grupo foi indiciado pelos crimes de homicídio qualificado com motivo torpe, que impossibilitou a defesa dos ofendidos e da vítima menor de 14 anos.
Um dos homens foi preso em flagrante no dia do crime e outros dois tinham mandados de prisão preventiva cumpridos em nome da Polícia Civil.
Lembre-se do caso
Um tiroteio em uma festa infantil deixou três mortos e outros três feridos na noite da última quinta-feira (23) em Ribeirão das Neves (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte.
Entre as vítimas do massacre estavam o aniversariante, de 9 anos, e seu pai, de 26 anos. A outra criança morta tinha 11 anos.
Um adolescente de 13 anos e duas mulheres, de 19 e 41 anos, ficaram feridos e foram levados a um hospital da região. Segundo a Polícia Militar, familiares das vítimas relataram que o homem assassinado estava envolvido com tráfico de drogas e recebia ameaças de morte de traficantes da região.
A mãe da aniversariante contou à polícia que um dos homens entrou no local quando a festa acabou e começou a atirar. A mulher foi em direção ao atirador e eles brigaram fisicamente, momento em que outro indivíduo chegou e efetuou mais disparos.
Os criminosos então fugiram do local. Um deles, um homem de 23 anos, foi localizado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município vizinho de Contagem com ferimentos a bala e foi acusado de triplo homicídio. O outro suspeito foi identificado, mas ainda não foi preso.
Não há informações sobre o estado de saúde dos sobreviventes.
*Sob supervisão
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