O ex-presidente Jair Bolsonaro usou seu cargo de comando do país para, junto com uma “organização criminosa”, desviar e vender joias recebidas como presentes do Estado, avaliadas em quase R$ 7 milhões, informou a Polícia Federal em nota. relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e tornado público nesta segunda-feira (8).
Segundo a PF, Bolsonaro e autoridades próximas “atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em decorrência de seu cargo pelo ex-presidente da República” com a intenção de vender esses bens ao exterior para benefício pessoal do ex-presidente, que recebeu pelo menos US$ 25 mil em dinheiro.
“Foi identificado também que os valores obtidos com essas vendas foram convertidos em dinheiro e inscritos no patrimônio pessoal do ex-Presidente da República, através de pessoas interpostas e sem recurso ao sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade de valores”, diz a PF, no relatório.
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Procurada, a defesa de Bolsonaro não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Elementos coletados pela PF demonstram, segundo a reportagem, que Mauro Lorena Cid, pai do ex-ajudante de campo de Bolsonaro, Mauro Cid, recebeu pelo menos US$ 25 mil em dinheiro que teriam sido repassados ao ex-presidente “com o objetivo, de deliberadamente, não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal”.
A reportagem aponta ainda que Bolsonaro e sua equipe teriam utilizado o avião presidencial, em dezembro de 2022, para fugir de ativos de alto valor do país, levando-os para os Estados Unidos. As joias teriam sido encaminhadas para lojas especializadas na venda e leilão de objetos de alto valor em cidades como Miami e Nova York.
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A investigação mostra que pelo menos três grupos de bens de alto valor passaram por esse esquema, com valor total de quase R$ 7 milhões. Um deles é um conjunto de peças masculinas da marca Chopard contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe (“masbaha”) e um relógio recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem à Arábia Saudita, em outubro de 2021.
O segundo kit contém um anel, botões de punho, um rosário islâmico (“masbaha”) e um relógio da marca Rolex de ouro branco, entregue a Bolsonaro em visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
O terceiro conjunto é composto pela escultura de um barco dourado e pela escultura de uma palmeira dourada, entregue ao ex-presidente no dia 16 de novembro de 2021, data de sua participação oficial no Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, realizado na cidade de Manama, no Bahrein.
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A PF informa ainda que aliados do ex-presidente estruturaram uma operação de recuperação dos bens após a publicação de relatórios sobre o peculato, para cumprir determinação do Tribunal de Contas da União (CGU).
O relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, retirou o sigilo do processo nesta segunda-feira, determinando que os advogados tenham pleno acesso aos autos. Ele também abriu prazo de 15 dias para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), período em que a PGR pode solicitar mais provas, encerrar o processo ou apresentar queixa.
Bolsonaro e seus aliados foram indiciados pela PF na semana passada no inquérito que investiga a suspeita de apropriação indébita de joias. O ex-presidente foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato, que é a apropriação irregular de bens públicos.
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