O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (8) que o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia ainda não foi concluído porque o bloco europeu não conseguiu resolver suas questões internas.
“A única razão pela qual não concluímos o acordo com a União Europeia é porque os europeus ainda não conseguiram resolver as suas próprias contradições internas”, disse Lula na cimeira de chefes de estado do Mercosul em Assunção, ao falar sobre as conquistas do Bloco sul-americano durante sua presidência. do Brasil no ano passado.
O acordo entre a UE e o Mercosul é negociado há mais de 20 anos. Em 2019, os blocos chegaram a assinar uma versão, que não foi ratificada em meio à difícil relação do governo Jair Bolsonaro com os europeus, ao aumento do desmatamento e ao descumprimento das regras ambientais pelo Brasil.
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As negociações foram reabertas em março de 2023, mas geraram novos confrontos. Por um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a criticar o bloco europeu pelas suas exigências ambientais.
Por outro lado, o presidente francês Emmanuel Macron tornou-se uma voz cada vez mais frequente contra o acordo, no meio de protestos de agricultores locais, que se opõem à entrada de produtos agrícolas da América do Sul em França.
Desde o início da presidência paraguaia do Mercosul, em dezembro, as negociações para o acordo estão paralisadas.
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O cenário tornou-se ainda mais adverso após as eleições para o Parlamento Europeu, braço legislativo da UE, em junho, que registaram um avanço dos partidos de extrema-direita em alguns dos principais países do bloco, como Alemanha, França e Itália.
Os partidos europeus de extrema direita defenderam uma abordagem mais protecionista no bloco e defenderam os agricultores europeus no meio da crise do custo de vida no continente.
Aviso aos Democratas
Em seu discurso na cúpula, Lula também alertou que os membros do bloco precisam estar “vigilantes” diante das ameaças às instituições democráticas dos países da região, mencionando a tentativa de golpe de estado na Bolívia em 26 de junho e o ataque na sede dos Três Poderes em Brasília no ano passado.
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“A reação unânime ao 26 de junho na Bolívia e ao 8 de janeiro no Brasil demonstra que não há atalhos para a democracia em nossa região. Mas você precisa permanecer vigilante. Os falsos democratas tentam minar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários”, disse Lula.
O presidente argumentou que o bloco enfrenta uma série de desafios, tanto a nível regional como global, e que os países membros precisam de decidir se querem integrar-se no mundo de forma unida ou dividida. Lula também elogiou a adesão plena da Bolívia ao bloco pelo seu “enorme valor estratégico”.
Reiterou que vê o Mercosul como uma “plataforma de inserção e desenvolvimento internacional do Brasil” e criticou a implementação de “estratégias ultraliberais” no continente, além de criticar o “nacionalismo arcaico e isolacionista”.
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A cúpula desta segunda-feira não contou com a presença do presidente da Argentina, Javier Milei, que troca farpas com Lula desde que assumiu o cargo, em dezembro. O ultraliberal presidente argentino esteve no Brasil no fim de semana para um evento conservador e se reuniu com Bolsonaro.
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