Líderes do Mercosul se reúnem nesta segunda-feira (8) no Paraguai, uma das poucas vezes em 33 anos de história sem a participação de um dos presidentes do bloco, devido à ausência do chefe de estado argentino, Javier Milei, mas com uma novidade: a incorporação da Bolívia como membro do bloco.
A Argentina será representada na Cúpula do Mercosul pela chanceler Diana Mondino, que se reunirá com os presidentes Lula, do Brasil, Santiago Peña, do Paraguai, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, e Luis Arce, da Bolívia.
Embora já tenha confirmado a presença do presidente da Argentina, a Casa Rosada informou que Milei não participaria do evento devido a uma agenda “sobrecarregada”.
Apesar disso, o presidente argentino decidiu ir neste fim de semana ao estado de Santa Catarina, no Brasil, onde participará neste domingo (7) da Convenção de Ação Política Conservadora, ao lado de Jair Bolsonaro.
O ex-presidente brasileiro foi justamente um dos poucos precedentes de ausência nas cúpulas do Mercosul.
Esteve ausente das duas reuniões presidenciais: a primeira, também em Assunção, em julho de 2022, quando enviou um vídeo aos demais chefes de Estado; e em dezembro do mesmo ano, quando decidiu não ir a Montevidéu e enviou seu vice-presidente, Hamilton Mourão, ao evento.
O Itamaraty, por meio da secretária para América Latina e Caribe, Gisela Padovan, classificou a decisão de Milei de não se reunir com os demais presidentes do bloco como “politicamente lamentável” e “não desejável”, mas considera que o amadurecimento e a consolidação do bloco acabaram as décadas cegam “a substância” do evento.
Bolívia como novo membro do Mercosul
Apesar da água fria causada pela ausência do líder argentino para aspirações integracionistas, a cúpula desta segunda-feira deverá ser marcada por uma novidade: se a Bolívia finalmente entregar sua carta de ratificação de incorporação como membro pleno, o Mercosul terá outro membro.
Na semana passada, o Senado boliviano aprovou a adesão ao bloco, e a lei que a formaliza foi promulgada pelo presidente Luis Arce.
Após a entrega da carta de ratificação à Presidência paraguaia, dentro de 30 dias a Bolívia se tornará membro pleno. O país terá até quatro anos para se adaptar às regulamentações comerciais do bloco.
Assim, o Mercosul teria cinco membros: Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai. A Venezuela já pertenceu ao bloco, mas foi suspensa por quase dez anos por não cumprir os requisitos de conformidade e por quebrar a cláusula democrática do bloco.
Assinatura de acordos
Além do foco na adesão da Bolívia, está prevista a assinatura de um acordo de complementação financeira e técnica entre o bloco e o Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).
Além disso, deverão ser assinados um acordo de coprodução cinematográfica e audiovisual do Mercosul, outro acordo de cooperação para prevenção de desastres e uma declaração de combate ao crime organizado transnacional.
Nesta cúpula, a presidência temporária do Mercosul, com duração de seis meses, será entregue pelo Paraguai ao Uruguai.
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