Os eleitores franceses enfrentam um futuro político incerto à medida que se encaminham para o segundo turno das eleições parlamentares neste domingo (7). A liderança da extrema-direita na primeira volta do passado domingo não garante ao grupo a obtenção de assentos suficientes na Assembleia Nacional para obter a maioria absoluta, o que poderá resultar num impasse político no país.
O Reunião Nacional (RN), eurocéptico e anti-imigração, de Marine Le Pen liderou a primeira volta das eleições parlamentares com um terço dos votos, abrindo a perspectiva de a extrema direita liderar um governo francês pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
Esforçando-se para frustrar a extrema direita, os partidos políticos franceses têm lutado para formar alianças políticas após a decisão surpresa do Presidente Emmanuel Macron de convocar eleições parlamentares.
“Vai ser doloroso, com certeza”, disse o barman Lucas Remy. “De qualquer forma, haverá manifestações, motins”, acrescentou o francês.
Uma pesquisa OpinionWay para o diário econômico Les Echos mostrou que o RN ganharia de 205 a 230 cadeiras na votação de domingo (7), à frente da Nova Frente Popular, de esquerda, com 145 a 175 cadeiras, e do bloco centrista do presidente Emmanuel Macron, com 130 a 175. 162 assentos
Para obter uma maioria governamental, são necessários 289 assentos na Assembleia Nacional.
O legislador europeu Raphael Glucksmann, um dos líderes políticos da Nova Frente Popular (NPF), de esquerda, disse à rádio RTL que não deve ser dado como certo que o RN não alcançará a maioria absoluta.
“Comentaristas e políticos já falam como se o RN não tivesse maioria absoluta e se parabenizam pelos esforços para bloqueá-lo… Acho que isso poderia desmobilizar os eleitores e estou preocupado.” ele disse.
O que o impasse significa para o país?
Se a votação estiver em linha com as últimas sondagens, a eleição resultará num parlamento empatado.
As opções incluiriam tentar formar uma coalizão; um partido que dirige um governo minoritário; e nomear um governo provisório que teria como objetivo chegar a acordos sobre cada proposta legislativa.
Cenário de incerteza política
Mais de 200 candidatos de todo o espectro político retiraram suas candidaturas para dar lugar a quem estivesse em melhor posição para derrotar o candidato do RN em seu distrito, processo conhecido como “frente republicana”.
No entanto, permanece muita incerteza, incluindo se os eleitores concordarão com estes esforços para bloquear o RN.
A importante figura do RN, Marine Le Pen, disse à BFM TV que ainda acreditava que seu partido poderia obter a maioria absoluta, apesar de a maior parte da cena política se unir contra seu movimento.
“Tenho a impressão de que tudo isso foi pensado para desmotivar nossos eleitores. Felizmente, conheço-os e sei que estão altamente motivados, por isso digo realmente: vão e votem”, disse Le Pen, acrescentando: “Acho que temos sérias hipóteses de obter uma maioria absoluta na Assembleia Nacional”.
O investigador do IFOP Jerome Fourquet, que na quinta-feira previu 210-240 assentos para a extrema direita e 170-200 para a esquerda, disse à rádio RMC que não se pode sequer descartar a possibilidade de a aliança de esquerda ultrapassar o RN no final.
“A grande incógnita é o tamanho da frente republicana… Será que um eleitor de esquerda votará num candidato de direita ou num candidato do campo de Macron?”
Policiamento reforçado e tensão
A França tem lutado com grande tensão nas vésperas das eleições deste domingo (7).
Mais de 30.000 policiais foram destacados para garantir que nem a extrema esquerda nem a extrema direita tenham sucesso em “criar desordem”, disse o ministro do Interior, Gerald Darmanin, no início desta semana.
Os políticos alertaram por vezes que uma vitória da extrema direita poderia desencadear enormes protestos nas ruas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse anteriormente que uma “guerra civil” poderia estourar se a extrema esquerda ou a direita vencesse por uma grande margem no segundo turno deste domingo.
Violência política às vésperas das eleições
Pelo menos 51 candidatos e seus apoiantes ficaram fisicamente feridos no final de quatro tensas semanas desde que o Presidente Macron dissolveu a Assembleia Nacional, segundo o ministro do Interior.
Os ataques variaram de menos graves a “extremamente graves”, destacou Darmanin, acrescentando que alguns candidatos foram hospitalizados devido aos ferimentos.
Cerca de trinta pessoas foram detidas e levadas para interrogatório relacionadas com os ataques, acrescentou o ministro.
Prisca Thevenot, porta-voz do governo francês, e sua equipe foram agredidas durante a campanha na noite desta quarta-feira (3).
Entretanto, Marie Dauchy, membro do National Rally (RN), que concorre no distrito eleitoral sudeste de Savoie, optou por suspender a sua campanha depois de ter dito que foi atacada fisicamente enquanto fazia campanha num mercado.
Em Cherbourg, Nicolas Conquer, candidato republicano de centro-direita, fez uma denúncia formal após supostamente ter sido atacado por ativistas de esquerda na segunda-feira (1º).
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