Ó diabetes afeta cerca de 537 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da décima edição do Atlas do Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes (IDF), divulgado em 2023. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), taxas crescentes de obesidade, má alimentação e o estilo de vida sedentário triplicaram o número de adultos que vivem com diabetes nas Américas.
Para falar sobre o assunto, “Sinais vitais da CNN – Entrevista com o Dr.” neste sábado (6) recebe os endocrinologistas Márcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, e Simão Lottenberg, do Grupo Médico de Assistência à Obesidade, Diabetes e Risco Cardiometabólico do Hospital Albert Einstein. Durante o programa, liderado pelo Dr. Roberto Kalil, especialistas explicam as principais diferenças entre o diabetes tipo 1 e o tipo 2.
“No diabetes tipo 1 há falta de produção de insulina, hormônio responsável por controlar o metabolismo energético. A origem é autoimune: os anticorpos atacam as células do pâncreas que produzem insulina e há uma inibição progressiva e total da produção desse hormônio”, explica Lottenberg.
Segundo a endocrinologista, o diabetes tipo 1 ocorre principalmente na infância e adolescência, mas há casos mais raros em que surge na idade adulta. O tipo 2 geralmente é um efeito secundário de outras condições de saúde, como a obesidade.
“Nele o indivíduo produz insulina, mas não o suficiente para realizar todas as suas funções no organismo”, explica Mancini. “É mais comum em adultos, mas com a epidemia de obesidade os adolescentes começam a desenvolver diabetes tipo 2, que às vezes também necessita de insulina”, acrescenta.
Além dos tipos 1 e 2, há também o diabetes gestacional e o pré-diabetes. O primeiro caso ocorre durante a gravidez e geralmente desaparece após o parto, mas aumenta o risco da mulher desenvolver a doença de forma definitiva no futuro. O pré-diabetes é uma fase que antecede o diabetes tipo 2 e se caracteriza pelo aumento da glicemia, mas ainda não a ponto de caracterizar a doença.
“São indivíduos que têm maior propensão, que nesta fase já podem ter um risco cardiovascular aumentado, e que precisam ser identificados para prevenir a doença”, afirma Lottenberg. Em termos médicos, isso significa que quando a glicose está entre 100 e 125, ou quando a hemoglobina glicada está entre 5,7 e 6,4, existe pré-diabetes. Por isso é tão importante fazer exames regulares, segundo especialistas.
Diferenças nos sintomas e tratamentos
As diferenças entre o diabetes tipo 1 e 2 também podem ser observadas nos sintomas e métodos de tratamento. Em ambos os casos, há aumento da vontade de urinar e mais sede, por exemplo. Mas enquanto no diabetes tipo 1 eles aparecem repentinamente, no tipo 2 são mais sutis.
“Ele pode não desenvolver sintomas quando eles estão no início. O paciente não percebe que está urinando um pouco mais, que está com um pouco mais de sede, não é um início abrupto. É por isso que se estima que quase metade dos diabéticos não tem diagnóstico. Eles são diabéticos e não sabem que têm diabetes”, explica Mancini.
Segundo os médicos, os tratamentos variam conforme o tipo e a gravidade, mas o uso de medicamentos como o Ozempic trouxe benefícios. “[As canetas emagrecedoras] ajudam a prevenir as complicações do diabetes, principalmente porque têm impacto significativo na obesidade”, afirma a endocrinologista.
Porém, especialistas alertam contra o uso indiscriminado desses medicamentos. “A questão é que as pessoas estudadas no tratamento da obesidade pesavam entre 100 e 110 quilos, em média. E hoje quem pesa 60 quilos compra remédio na farmácia para perder 5 quilos”, afirma Mancini.
Dependendo do caso, a cirurgia bariátrica também pode ser indicada, principalmente quando há obesidade associada ao diabetes. Porém, é importante conscientizar as pessoas de que não há cura para a doença, mas sim controle.
“Um problema que acontece é que a pessoa tem a glicemia normalizada, entra em remissão e, na sua cabeça, não é mais diabética. E, depois de dois ou três anos, se ela não fizer exames periodicamente, pode voltar a ter a glicemia alterada e não descobrir”, afirma Mancini.
“CNN Sinais Vitais – Entrevista com Dr. Kalil” vai ao ar no sábado, 6 de julho, às 19h30, na CNN Brasil.
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