A decisão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de sancionar o projeto de lei que proíbe corridas de animais para apostas e jogos gerou uma movimentação inusitada no Jockey Club de São Paulo, neste sábado (29). Os participantes compareceram ao maior autódromo do país, muitos pela primeira vez, para conhecer as corridas de perto antes de uma possível proibição total.
Até os gestores do espaço se surpreenderam com o movimento, não com a quantidade – não foi uma multidão que se formou na imponente e tradicional entrada da Avenida Lineu de Paula Machado, na Cidade Jardim. Eles ficaram maravilhados com as pessoas que procuraram pela primeira vez a área nobre, curiosas para conhecer o espaço que ocupou parte dos noticiários ao longo da semana.
Foi o caso da servidora Soraya Teles, de 26 anos, e do assistente comercial Bruno Alves, de 32, que decidiram visitar o local antes de tomar a decisão final sobre o fim das corridas em São Paulo. “Nunca tinha visto uma corrida de cavalos antes e fiquei curioso. É um espaço muito lindo”, disse ela.
O PL, de autoria do vereador Xexéu Trípoli (União), foi aprovado pela Câmara Municipal em segundo turno. “São proibidas atividades esportivas que utilizem animais, como corridas, disputas ou qualquer outro evento, com a correspondente emissão de bilhetes de apostas, ainda que por meio digital ou virtual”, diz o texto.
Segundo a Prefeitura, a sanção do prefeito será publicada no Diário Oficial desta segunda-feira, 1º. Com isso, os estabelecimentos que promovem atividades desse tipo terão 180 dias, ou seja, seis meses, para se adaptarem à medida, podendo ser penalizados em caso de descumprimento.
A interpretação da Prefeitura é diferente. Nesta quinta-feira, 27, Nunes disse aos jornalistas que quando o clube recebeu o terreno da Companhia City Cidade Jardim, na década de 1940, foi estabelecida a permissão para corridas de cavalos. Segundo entendimento da administração municipal, caso não haja mais atividade turfística, o terreno passaria para a Prefeitura.
Esse movimento também levou os auxiliares administrativos Alexandre Nogueira, 20 anos, e Thalita Hatsue, 19 anos, a ocuparem pela primeira vez as arquibancadas. Foi ideia dela. “Já gostava de corridas, mas só tinha visto na TV. Toda essa polêmica nos fez vir ver de perto”, conta.
Visitantes habituais demonstram apreensão em relação ao futuro da atividade, mas acreditam na judicialização do assunto. A alegação central é a Lei 7.191/84, que regulamenta a atividade de criação de equinos no país e determina que a coordenação, fiscalização e orientação do setor sejam de responsabilidade do Ministério da Agricultura. Segundo esse entendimento, a lei municipal não pode revogar a lei federal.
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