A pouco mais de um ano da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém (PA), marcada para novembro de 2025, o Brasil precisa adotar uma postura mais orgulhosa no enfrentamento do debate sobre a questão climática.
A avaliação é do deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA). Ele participou de uma das mesas do Fórum Global do Agronegócio (GAF), no Allianz Parque, em São Paulo (SP), nesta quinta-feira (27).
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O evento faz parte da programação do Festival Global do Agronegócio (GAFFFF), promovido pela consultoria agrícola Datagro, que atua em mais de 50 países, e que conta com o apoio da XP.
Segundo Jardim, a COP30 pode ser uma grande oportunidade para o país mostrar o que tem feito na preservação do meio ambiente e no desenvolvimento da chamada “agenda verde” na economia. Por outro lado, o risco é que as discussões da conferência sejam repletas de críticas e comentários sobre os problemas do país, como o desmatamento e os incêndios.
“Tenho a impressão de que estamos indo para o matadouro”, disse o deputado ao participar do painel “Sustentabilidade na Agricultura”, ao lado do embaixador André Aranha Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
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“Corremos o risco de ficar na janela. Estaremos no showcase no próximo ano, durante a COP30. Temo que, na COP30, o debate se concentre em um caso específico de desmatamento ou em um caso específico de alguma outra questão”, afirmou Jardim.
“Eu considero que vamos [para a COP30] a forma como somos é absolutamente perigosa. Em vez de expor as nossas virtudes, falamos sobre alguns dos nossos problemas. Esse é o perigo”, alertou o vice-presidente da FPA. “Temos nossas contradições internas e nossas discussões. Temo que isto se torne o centro do debate na COP30. Não creio que tenhamos o direito de perder esta oportunidade.”
“Pacto nacional”
Tanto para Jardim quanto para Corrêa do Lago é necessário um “pacto nacional” envolvendo governo federal, governos estaduais, ONGs e especialistas para que o país aproveite a COP30 para se apresentar como líder global em descarbonização e sustentabilidade.
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“A partir de um grande acordo nacional, devemos ir à COP30 para mostrar que o Brasil pode ter essa responsabilidade futura em um novo mundo em que a sustentabilidade, a segurança energética e a segurança alimentar serão pilares fundamentais”, defendeu Jardim.
“Concordo plenamente que precisamos de fazer um pacto nacional”, disse o embaixador. “Devemos nos apresentar, na COP, como um país com visão de futuro. É claro que temos problemas, como todos os países do mundo têm. Todo mundo sabe muito mais sobre qualquer país que organiza uma COP do que sobre outros países”, continuou Corrêa do Lago.
O exemplo da Rio-92
O embaixador citou o exemplo da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco-92 ou Rio-92, realizada no país em 1992.
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“Em 1992, o mundo percebeu que não era a destruição das florestas que estava a causar as alterações climáticas. O que leva a isso, principalmente, é a energia fóssil”, disse Corrêa do Lago.
“Se o evento não tivesse acontecido no Brasil, o mundo teria tentado desviar do tema principal. Foi um ato muito corajoso do governo brasileiro naquela época convidar o resto do mundo.”
Alerta
Levantamento do WWF-Brasil mostrou que os biomas brasileiros registraram índices recordes de queimadas no primeiro semestre deste ano.
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O Pantanal e o Cerrado registraram o maior número de focos de incêndio no período desde o início das medições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1988.
Entre 1º de janeiro e 23 de junho de 2024, o Pantanal registrou 3.262 incêndios, o que corresponde a um aumento de 22 vezes em relação ao mesmo período de 2023 – além do maior número da série histórica do INPE.
Na Amazônia, ocorreram 12.696 focos de incêndio no mesmo período, aumento de 76% na comparação anual e o maior número desde 2004.
O evento
O Fórum Global do Agronegócio (GAF) acontece no Allianz Parque, em São Paulo. O evento é promovido, desde 2012, pela consultoria agrícola Datagro, que atua em mais de 50 países, e conta com o apoio da XP.
O evento deverá reunir cerca de 25 mil pessoas e terá uma extensa programação de palestras, seminários e shows.
GAF faz parte do Festival Global do Agronegócio (GAFFFF). O evento foi concebido com base em quatro pilares: palestras nacionais e internacionais (Fórum), feira de negócios com cinco pavilhões e mais de 100 empresas e startups (Feira), experiências gastronômicas com aulas de gastronomia e Arena de Fogo (Comida), e entretenimento com sertanejo shows musicais (diversão).
Entre os oradores mais destacados do programa estão a activista e política moçambicana Graça Machel, o físico Marcelo Gleiser e o cientista político Parag Khanna. No total, serão mais de 30 painéis, com mais de 100 palestrantes divididos em dois palcos.
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