A reancoragem das expectativas de inflação é vista pela diretoria do Banco Central como elemento essencial para garantir a convergência da inflação à meta, mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da agência.
No documento divulgado nesta terça, o BC também informou que aumentou marginalmente em seus modelos a hipótese de taxa de juros real neutra, que não estimula nem retrai a economia, de 4,5% para 4,75%.
O Copom reforçou que sua diretoria avalia por unanimidade que a reancoragem das expectativas de inflação deve ser buscada independentemente das fontes por trás da desancoragem.
“A redução das expectativas requer ação firme da autoridade monetária, bem como o fortalecimento contínuo da credibilidade e reputação tanto das instituições quanto dos quadros fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”, disse o BC no documento.
O Copom também reiterou que o ambiente global incerto e o cenário doméstico marcado por uma atividade resiliente, projeções de inflação elevada e expectativas não ancoradas exigem maior cautela.
Na última quarta-feira, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, numa decisão unânime de sua diretoria para interromper o ciclo de flexibilização monetária iniciado em agosto do ano passado.
A liderança da autoridade já tinha feito declarações públicas para indicar uma busca firme pela convergência da inflação para a meta, em meio a um processo de desancoragem das expectativas do mercado, mesmo com dados de preços correntes benignos.
Taxa neutra
Segundo o documento, o Copom debateu as estimativas da taxa de juros neutra que serviriam de hipótese para suas projeções, por considerar que há incerteza nesta avaliação por se tratar de uma variável não observável.
Nessa avaliação, o BC informou que costumam ser enfatizadas variações de curto prazo na produtividade ou nos resultados fiscais, que impactam a poupança interna. No longo prazo, destacam-se temas relacionados com a demografia, a produtividade e a taxa de poupança global.
Além de elevar a hipótese de juros neutros para 4,75%, o Copom também discutiu cenários com taxa neutra entre 4,5% e 5%, “já que muitos modelos apresentados indicam valores nesta faixa”.
“Pela incerteza intrínseca e pela própria natureza da variável, o Comitê reforçou que a taxa neutra não é uma variável que deva ser atualizada com alta frequência nem deve ter movimentos abruptos, exceto em casos excepcionais”, afirmou.
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